circuitos para corpo e lápis

na oficina DANÇADESENHO SONORO, que ministrei no SESC Belenzinho em agosto de 2015, usamos um circuito drawdio (com CI 555) acoplado a um lápis.

O grafite, presente nos lápis, é um condutor elétrico. Se conectarmos um circuito que produz sons a um lápis e um amplificador, poderemos gerar sons ao desenhar. Um desenho é um gesto, um movimento, que pode ser entendido como dança. A oficina explora essa intersecção entre linguagens através da criação de desenhos sonoros, dançados.

primeiro montamos o circuito e testamos os sons em desenhos menores, de mesa. depois passamos para um papel grande, uma verdadeira passarela, onde se podia dançar, usando o corpo inteiro para interagir com o circuito. o próprio corpo é um condutor elétrico…

/ CI pode ser contato improvisação ou circuito integrado
/ o silêncio (terra) ~ o fio terra, sempre ligado ao pólo negativo, é o silêncio que se opõe ao ruído

alguns dos circuitos de mesa explorados
rascunhos

participaram felipe riedo, aine toledo, enoc, gabi itocazo, saturno josé
<3

circuito1

circuito2

circuito3

circuito4

circuito6

circuito5

escuta

entre outubro e dezembro de 2014 organizamos eu, maya dikstein e clara lópez menéndez, encontros que denominamos ESCUTA, que aconteceram no espaço da residência artística casa juisi / phosphorus, da qual a maya estava participando. maya e eu já havíamos escrito projeto juntas, e trocado experiências sobre nossos processos, enquanto que clara, curadora espanhola radicada em nova york, também estava fazendo residência artística em são paulo na mesma época. a ideia de se encontrar para ouvir, e não para ver algo, muito me seduziu, e faz todo sentido em um momento em que, por diversos fatores, venho me debruçando sobre estudos e temas sonoros. clara também trazia na bagagem pesquisas em torno de feministas, enquanto que eu e maya nos aproximamos no encontro (feminista) enkkontrada, na nuvem – estação rural de arte e tecnologia, em 2013. juntas quisemos trazer um pouco dessa percepção e pesquisa para compartilhar com amigos. os encontros foram pequenos, intimistas, silenciosos, nos quais recebíamos as pessoas à meia luz e nos deitávamos em colchões, rede ou mesmo no chão para ouvir.

 

ESCUTA nº 1: GALÁXIAS de HAROLDO DE CAMPOS

Isso não é um livro de viagem, 01h09m26s,
(gravação do poeta, 1992 / escrito entre 1963-1976)

Maya Dikstein, Clara Lopez e Inês Nin convidam para uma escuta coletiva, um encontro semanal em que nos juntamos em silêncio para escutar.

A escuta é aberta. Começa com este poema, mas também convida a propor objetos, elementos ou situações a cada vez. Todxs são bem vindxs a sugerir o que será escutado na próxima.

Propomos uma escuta porque estamos um pouco cansadas de VER sempre. Queremos exercitar a escuta como uma ação em si mesma, um lugar de momentos que não acontecem ao mesmo tempo que outros.

A escuta também se apresenta como uma oportunidade de desaceleração entre a produtividade que nos possui.

Esta ESCUTA se oferece como um instante para escutarmos juntxs, sem mais razão.

A escuta se organiza em encontro demarcado num SILÊNCIO, sendo o silêncio quem marca o início e o final do escutado. Habrá habla e palabra depois da escuta, mas sempre haverá um silêncio que deixará falar o espaço.

Desejamos experimentar uma escuta que não precise de reação.

Um ato social, não de comunicação.

Os encontros acontecem dentro da residência que Maya está realizando no projeto residência de moda Casa Juisi – Rumos Itaú Cultural 2014.

Quinta-feira, 20h, na Sé. Rua Roberto Simonsen 108.
Bem vindxs.

Maya, Inês e Clara.

 

ESCUTA nº 2

Pathways to Grandmothers, Pauline Oliveros, 1h 29′ 24″
Broadcast on KPFK, Close Radio, January 5, 1978
A meditative accordion concert by the musician who started the “deep listening” movement.

Sexta-feira, 31 Outobro, 20h
Casa Juisi / Phosphorus
Rua Roberto Simonsen, 108, Sé

 

ESCUTA nº 3

Terceiro evento de escuta organizado por Maya Dikstein, Clara Lopez Menendez e Inês Nin dentro del marco de la residencia que Maya esta realizando en Casa Juisi / Phosphorus.

En esta ocasión se propone la escuta de un material encontrado, una cita cassette de origen incierto que sirve de paisaje sonoro para un encuentro silencioso, un almorço.

Se convida a la gente a acompañarnos para comer escuchando esta sexta feira. Las afitrionas proporcionaran algunos manjares pero se invita a los participantes de la escuta a traer aquello que ell@s deseen disfrutar como manjar.

Sexta-feira dia 14 de Novembro as 13:30 horas na Casa Juisi / Phosphorus. Rua Roberto Simonsen, 108, Sé

 

ESCUTA nº 4, quinta-feira 20 de novembro, feriado de Zumbi dos Palmares

Fragmentos sonoros de Stela do Patrocínio e de Audre Lorde + discos (pode levar um que lhe seja querido, a vitrola estará aberta)

Inês Nin, Clara Lopez Menendez e Maya Dikstein

 

ESCUTA nº 5: Luísa Nóbrega

Para a nossa próxima ESCUTA convidamos e temos o prazer de acolher a Luísa Nóbrega.

São tentativas, experimentos de alargar possibilidades de escuta, de permanência no ato de receber sons e sermos atravessadas, redimensionar resistências.

A voz humana insiste em trair a linguagem, dizendo mais, talvez, do que ela gostaria de de significar. A voz joga um jogo duplo, tecendo uma ponte improvável entre biologia e cultura, entre as vísceras e o espaço aéreo e elástico que nos separa dos outros.

Propomos aqui um convite para escutar explorações vocais que se desenrolam numa zona limítrofe, incômoda, não linguística, na fronteira entre o gemido, o grito, a glossolalia e o canto.

Aguardamos vocês na próxima sexta-feira, dia 5 de dezembro, às 20h, na Residência Artistica Casa Juisi.

Inês, Maya, Clara e Luísa.

espaços de silêncio

em 2007, nos juntamos eu, dally schwarz e laura geyer com ideias de produzir uma peça sonora para pensar o silêncio. exercícios de audição e observação já vinham sido feitos, com apoio de autores como r. murray schafer, para refletir sobre as paisagens sonoras das cidades. segue o texto de apresentação e, em seguida, o áudio:

espaços de silêncio

ao propor um estudo do som a partir do silêncio, um dos elementos constituintes da linguagem da mídia sonora, nos aproximamos do conceito de paisagem sonora, estabelecido por r. murray schafer no livro a afinação do mundo. procuramos observar os silêncios nas coisas e entre elas: os espaços de silêncio.

exploramos estes espaços partindo do ambiente da cidade e de seus ruídos, uma vez que o silêncio com o qual temos contato na maior parte do tempo é na verdade um conjunto de sons fundamentais; sons estes que constituem ambientes e nos ajudam a identificá-los.

aproveitamos para, através de locuções, músicas, efeitos sonoros e, claro, silêncios, contruir uma peça sonora que possa transportar o ouvinte para diferentes espaços, permeados por sons macios e que procuram trazer um pouco das diversas concepções possíveis de silêncio.

nossa viagem parte da praia, passa por dentro de nós, busca respostas bem lá fora, ou onde for que a prece esteja, será que vamos encontrar? é uma longa caminhada de introspecção, de passos cuidadosos, de atenção para os mínimos detalhes.

estamos à procura daquele recorte de tempo quase mínimo, que é o espaço da reflexão, do constrangimento, da respiração, da hesitação, da dúvida, do branco, do vazio, de tanto. pois em tudo há silêncio, mesmo que ele esteja expresso em ruídos.

agora aperte o play e feche os olhos! 🙂

p.s. dois anos mais tarde, apresentei um artigo no encontro de música e mídia da usp falando de outro aspecto da experiência sonora em grandes cidades: a hipersaturação de estímulos, que se faz presente como influência no som de alguns artistas de música eletrônica recente. o resumo deve ser encontrável pela rede, mas decidi republicar o artigo aqui, em três partes: 1/32/33/3