cinco postais

embaixadabr

em 31 de maio desse ano coloquei no correio 5 cartões postais que mesclavam colagem e pintura, em resposta à convocatória da embaixada do brasil de arte postal 002/2013. eram igualmente cinco destinos possíveis para enviar (manaus, AM – NORTE; olinda, PE – NORDESTE; brasília, DF – CENTRO-OESTE; guarulhos, SP – SUDESTE e porto alegre, RS – SUL).

pouco a pouco, foram chegando ao seus destinos. estão reunidos aqui.

os postais são feitos de azuis, nanquim, metros quadrados de cidade em luto, com desejo de mato, de imensidão. nos sonhos, portas abertas e lareira quentinha, com os dedos sujos de carbono, encontrando rumo nos cinco cantos do brasil. girar a rosa dos ventos, galera. avante.

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a céu aberto

adquire uma espécie de pausa. ou não, isso não me serve: troca de camisa (como substitui cidades ou ambiências – em roupão). pensa em plantas, emaranhados de constelações e só três coisas a realizar por vez,

o que acontece é que pelo acúmulo dos anos das firulas amargas e dobraduras, aquilo que resta não mais compete aos ricardos, notívagos alegres ou quem sabe ninguém; míngua de jeito que resta, e mesmo está;

como faz com essa coisa que não simplifica, se atola em redes sobre redes sobre membranas sobre as quais fica ali só observando, não conhece os universos, o caminho apresentado é um só:

– arranja um emprego, paga tuas contas. forja esse espaço em construção, adestra os intelectos, faz brotar um referente anônimo, entre as pernas

– criei azuis bocados sem medos de errar, pois de erros já estávamos fartos (e lá no porto eu deixei minhas últimas convicções)

se deixa de construir não atrai.

quadrado de exercício para o braço, para as pernas (e no total somam três, assim mesmo assimétricos, posto que a mão esquerda foi deixada de lado;

quantas oportunidades mais vai deixar de acontecer (por pura agrura, incerteza, isso depois de concluir que sem certezas não se faz nada na vida

– cria blocos por entre as membranas
– para quê
– para ter sobre o que andar (seriam aves, pátinas, andaimes suspensos que iriam pretender sustentação
– de asfaltos, de agruras?
– não, tudo menos isso! menos o que há agora, sonhos perdidos numa desmemória, engarrafamento de sensações. não há nada se não há sossego, força, um pouco de construção.

CONCEBER TEREM ACABADO OS ESPAÇOS DE CONVIVÊNCIA

(sócrates grita lá no fundo)

SUBIR EM PAREDES E PAGINAÇÕES

(constelação)

CONCURSO PÚBLICO, MINHA FILHA…

(cons-ter-na-ções)

SEMMAIS SEMMEDO A CÉU ABERTO

(comofaz)

A CÉU ABERTO

rumo

1_semmedo

compreender o sossego por entre as curvas. sim, é essa a tarefa suprema a realizar.

como proceder? digo, conheço uma penca de procedimentos, talvez não aplicáveis a todas as instâncias. primeiro tem de compreender a fissura, olhar entre as bordas dos cadarços e cada modo de lidar com os ambientes. não se faz a novela como coisa pronta, tem de aprender a ver.

pois que lide com o processo, seus não-lugares e trejeitos incômodos.

talvez, o único jeito voraz de superar os acasos, aqueles que se convertem em desgostos, sem rapidez (como hão de admitir os jovens, vez ou outra).

é preciso um plano. talvez?

pontapé para o infinito, atadura. semmãos, semmedo, mmordedura. coragem, aquilo de que tanto falam os clássicos romanescos sem era, que se sobrepõem a uma realidade turva, demasiado complexa para nossos contos de fada caninos. anacronismos de infância, maus adestramentos. depois de um tempo, embalsama-os todos e transforma e leituras de maniqueísmos diversos, notícias sem profusão nem densidade, as quais só se lê às partes. reitera discursos ou cria coisa alguma, mas segue algum rumo estrito que supostamente se concretiza. ou não, engole a rebelião e bate ponto no escritório, todos os dias, eis o método que seu pai lhe ensinou.

o herói não compreende seus trejeitos, seu namorado no masculino como não poderia imaginar. e depois a família toda vê a foto, porque não a imaginava tão visível, todas as membranas da vida se sobrepondo, como cadáveres. é tudo tão transparente que dói, no semmesmo da estória. compõe de palavras e imagens uma contação sem fim de protestos, amores e títulos de algozes. todos estudantes e ansiosos por se formar.