• situ

    o corpo renova o gesto
    absorve
    somente entra
    o que brota
    entre as vestes

    abismos mais não
    agora, chão
    coisalinda
    absorto, pois
    em toda sorte de assuntos

    novos, de la casita
    de la vida nova que
    se instaura cá comigo
    das idas à universidade
    às atividades de escriba

    viagens celestes transformam manhãs
    com e sem sono
    do sol em minha boca
    da lua amarela, peste em fogo
    amor

    vem faceiro, agreste
    permeado de vozes e vorazes inventos
    cheios de vogais e consoantes
    vociferando mais alto
    mais turvo, mais manso

    fizemos um filme
    sim! película
    nossa boca tem nome
    uma imagem sequencial
    em fita cobre celuloide

    água faremos
    em fluidos mergulho
    como o filme
    que transborda
    e faz coro
    com a floresta:
    tem nome

  • casita armar

    casitaarmar

  • emo sex

     

     

     

    quais capuzes usar numa noite de chuva?

    deletérios medos

    dúvidas capazes de

    salientar

    um desejo

    .

    o tesão se desloca

    pornografia não dá conta

    (quem tem tempo mais para atravessar

    um mar de imagens pífias

    até encontrar aquelas bonitas,

    dignas de imensidão?)

    hoje não

    .

    o erotismo das palavras

    que aparecem

    o erotismo

    dos filmes que não assisti

    dar-se ao prazer das imagens

    encontrando cantinhos

    que fazem arrepiar e sorrir

    ao mesmo tempo

    .

    nas últimas buscas

    digito: love

    digito: intimacy

    digito: laughing

    laughing sex,

    emo sex:

    meus favoritos

     

     

     

     

  • o tanto que fomos,
    o tanto que somos

  • caos

    ou ordem
    ou risco
    ou padrão

    3 imagens de pesquisa

    caos_enoc
    desenho do enoc, 2 anos
    verso, ao contrário: manchas de caneta (i)
    verso, ao contrário: manchas de caneta (i)
    a máquina gira, a tinta se espalha
    a máquina gira, a tinta se espalha
  • água

    a insistência no exílio como matéria infértil
    (não se exila no concreto; somente nas montanhas ou à beira do mar)

    porosidade

  • sonâmbula percorre caminho

    o que sacode o corpo? relevo.

    saltitar em meio à multidão.

    plantar bananeira, enviesar. lutar por compreender as torções em que meu corpo trava, evita percorrer. todos os caminhos de hábitos, todos os modelos viciados de se movimentar, todos os refinamentos.

    meus pés, como se plantam no chão. como o espírito se sustenta, barriga em riste, mente alerta. olhos semiabertos, que é a sonâmbula a olhar o chão. a sonâmbula é quem sabe caminhar melhor. com sua atenção semi-dedicada, se põe a observar desinteressada e abstratamente o que a rodeia. com isso, percebe facilmente coisas que outros não podem ver, simplesmente por estarem condicionados demais. puro café naquelas veias, fumaça nos pulmões. movimentos arrumadinhos, passos coordenados, pelejas, gestos automatizados. equipamentos elétricos e curto-circuitos.

    a sonâmbula somente usa chinelos e não carrega nada. não carrega consigo carteira, chave, telefone, coisa alguma. somente a roupa do corpo, e seu corpo, e seu sossego. os olhos que observam à meia mão. os sentidos atentos, relaxados, estão. estão no presente.

    se sentir sede, água haverá de encontrar. seu caminho é a rede que a acolhe – seja na cidade, seja no campo. a mata é seu habitat propulsor, seu rumo. mas ela não está lá. está no meio do caminho entre o chão e a ponte, e vai se sustentar.

    como uma ponte, com o corpo. como o corpo que caminha sem se preocupar. ela não ostenta a cidade, ela não usa dinheiro. ela não precisa do cimento nem das eletrificações, mas eles estão lá, como obstáculos ou simplesmente paisagem.

    paisagem é a zona de todas as mortes. e espaço de construção de todas as vidas.

    a paisagem muda, a paisagem é enviesada. a paisagem se quebra. a paisagem se anula.

    a paisagem do mar de carros contraposta à imensidão das montanhas. área protegida, área florestal, área reservada — restrições.

    do conhecimento privado ao conhecimento público, livre e fluido, eu vou percorrer todas as arestas e gerenciar todas as curvas. ir.

  • ar

    o dia verso noite
    artimancada de invenções
    curvas, turvas
    as remoelas
    desacordar

    sair do espaço do sonho
    onde vivo uma vida inteira
    trazer o sonho pro caminho
    como se
    como se fosse
    [uma coisa simples, isso

    nunca haverá
    ou sempre há de haver
    uma possibilidade

    (e sempre me lembro
    quando disse:
    *possibilidades*
    e não veio)

    desaprender os castigos
    as artimanhas,
    as falcatruas
    e faltas, as
    dancinhas felizes e
    depois não ver
    a ver navios

    espaçamento gasto
    evocando uma memória inteira
    uma membrana tão antiga
    desgostosa
    pífia

    com manejos e rostos
    de histórias daquelas
    que não desejamos
    o mundo binário
    do desdesejo
    do não solfejo
    da soltura

    a recusa ao caminhar
    é uma fissura
    a desfazer
    redefinir

    —-

  • concluí que não sonhei com você, eu sonhei com a saudade.

    eu me despedia de uma casa vazia
    à beira do mar