escrever para ninguém
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in
insenin
inse
insluar
insular
insu
eluc.
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casco
lentidão,
como é bonita
a tua terracomo tece o teu segredo
entrementes
toda vidacomo constrói
um arbusto
tão sereno
que tudo percebesilencioso
arbustotodavia
carrancudo
lento,ameno
tão seguro de si
tão tormentaterminaria todos os afetos
encurralando aquilo mesmo que vi
que vivi
em um atosereno,
contudoum domingo
no campo asfalto
se nem montanhaamor
sobe
atravessa
todas as pontesdesato
desalinha
os montes -
caverna
um gosto que recolhe vozes e conta suturas. magias capitais de um sem número de eventos perdidos delírios, tantos mais. tantos mais solfejos abertos, gorgeios espertos, apertos de mesa de bar. conversa fugaz, sonho sem razão. turva. não tem sentido mas há encontro. não chega a encostar.
sonhos abertos. fronteira de intelecto; separação. é sintomático que se procrastine o abraço, depois de, corpo afoito, encostar. aproximação em fala, conversa bonita, conversa. uma mulher exuberante e um garoto recatado — a mesma pessoa e duas. mira olhares que intercedem, encolhem suas forças brutas e afetos mágicos em recatados atos, desinteressadas informações.
você pode ser um monte, gigante e esbelto, mas tudo uma questão de lugar. de tempo e lugar e sorrisos que só se constrói quando há passagem. fortúnio, força de abertura. seriam ciclos, de lágrima e lástima, gozo e risadas. movimentos abruptos.
éramos sem chão enquanto construíamos prumos e aprumos, conversas contínuas, faíscas e acontecimentos. cotidiano de flores, criação conversa, criação dança y abraço alento. sustento.
atrito posto que asfalto, posto que conflito de grandes egos magistrais, montanhas. duas montanhas a faiscar, e então avalanche, corpo sem ar.
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eixo
pensar o texto em termos de forma. “esse tem ondas”, “esse faz uma curva bem atrás”, “estrutura que parte de três tópicos, que na verdade são três manifestações diversas de um mesmo modo de pensar, em diferentes níveis, talvez”. tá muito abstrato? bora repensar.
a emergência do novo. como se contamina.
não dá pra falar da criação de mundos sem pensar que os elementos recombinantes devem fazer parte de um mesmo ambiente aberto. contexto.
abraçar uma ideia: implica em quê?
os conflitos são de certo modo reconfortantes, se os praticamos mansamente todos os dias. avançar.
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concluí que não sonhei com você, eu sonhei com a saudade.
eu me despedia de uma casa vazia
à beira do mar -
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nadando contracorrente, tranquila, de costas; o fogo aceso; os amigos presentes; a comida farta; o céu estrelado; os livros e projetos em prumo; as estórias; os jogos; as cores; as crianças; o tecido de pendurar; as danças, a rede, sambasadashiva; passado, presente, futuro; björk; os mapas; os tempos porvir; os vínculos alegres; o cultivo; a busca; o cuidado; o carinho; as estradas abertas; os rumos; as bagagens; as cartas; a mata; o rio, o rio, o rio
foto da Luiza Cilente no canto mágico da Luar, em boas-vindas ao 2020
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reinventar do início, reescrever outros modos. isso e mais.
investigadora crônica, compositora de enigmas, astronomias terráqueas, fogo que se faz. escrita de fortuitos acasos, devaneante-mor, viagens de força-propensão, verborragias sazonais, ama silêncio, ama vento e agrião, agridoces, sais, aprende com o mar e com as imensidões. vem dos rios e das montanhas pedregosas, úmidas e cheirosas, florestas de pinhais. desentende as cidades, mas coleciona mapas e anda elas inteiras a pé. dízimo de complexidades. a performance começa tímida, hesita, age de última hora, ri, refaz, tira a roupa ou entrecores-brilhos, e sai cantarolando onde for, alto e em voz. risadas. há de se fazer, há de se fazer. (…)
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correria
fui contar estrelas
encontrei escombros
da minha última jornada.corri para o quintal
e gritei pro céu
por que tamanha bobagem?daí recontei
todas elas
sem número exato
nem firulase não é que acabo as engolindo?
escorregando pela minha garganta
fanfarronas, esbeltas
correm felizes
pelas colinas vermelhas!