• in

    insenin

    inse

    insluar

    insular

    insu

    eluc.

  • caverna

    um gosto que recolhe vozes e conta suturas. magias capitais de um sem número de eventos perdidos delírios, tantos mais. tantos mais solfejos abertos, gorgeios espertos, apertos de mesa de bar. conversa fugaz, sonho sem razão. turva. não tem sentido mas há encontro. não chega a encostar.

    sonhos abertos. fronteira de intelecto; separação. é sintomático que se procrastine o abraço, depois de, corpo afoito, encostar. aproximação em fala, conversa bonita, conversa. uma mulher exuberante e um garoto recatado — a mesma pessoa e duas. mira olhares que intercedem, encolhem suas forças brutas e afetos mágicos em recatados atos, desinteressadas informações.

    você pode ser um monte, gigante e esbelto, mas tudo uma questão de lugar. de tempo e lugar e sorrisos que só se constrói quando há passagem. fortúnio, força de abertura. seriam ciclos, de lágrima e lástima, gozo e risadas. movimentos abruptos.

    éramos sem chão enquanto construíamos prumos e aprumos, conversas contínuas, faíscas e acontecimentos. cotidiano de flores, criação conversa, criação dança y abraço alento. sustento.

    atrito posto que asfalto, posto que conflito de grandes egos magistrais, montanhas. duas montanhas a faiscar, e então avalanche, corpo sem ar.

  • kinomichi (linhas)

    volante
    volátil

    kinomichi_1

    kinomichi_2

    kinomichi_3

    kinomichi_4

    kinomichi_5

    kinomichi_6

    kinomichi_7

    kinomichi_8

    kinomichi_9

    kinomichi_10

    kinomichi_11

  • casco

    lentidão,
    como é bonita
    a tua terra

    como tece o teu segredo
    entrementes
    toda vida

    como constrói
    um arbusto
    tão sereno
    que tudo percebe

    silencioso
    arbusto

    todavia
    carrancudo
    lento,

    ameno
    tão seguro de si
    tão tormenta

    terminaria todos os afetos
    encurralando aquilo mesmo que vi
    que vivi
    em um ato

    sereno,
    contudo

    um domingo
    no campo asfalto
    se nem montanha

    amor
    sobe
    atravessa
    todas as pontes

    desato

    desalinha
    os montes

  • – a partir daqui nós vamos. a partir daqui não vamos titubear.

    – courage era sobre dúvida, sobre hesitar depois ir, sobre inventar caminhos, se meter no não visto das coisas, encontrar uma ferramenta mágica que te fortalece, pular, se jogar, ir. courage (azul): naipe de paus, fogo, coragem. vestir carapuça, semmedo. mais que isso: inventar o caminho, inventar essa courage que não torna rígido mas maleável, capaz de se misturar com o que há em volta. só assim. ética do trânsito, só que agora a tua memória

  • (-)

    é preciso abandonar um universo para ir de encontro às coisas. poderia descrever minuciosamente alguns acasos, ou atravessar em vendavais os maus transeuntes. são públicas, as memórias. estão em desgaste corrente as multidões, que no entanto ganham força. sobrepõem-se continuamente. multidão-livro. multidão-blusa. multidão-multidão e categoria nenhuma. tentativas de apreensão rotineiras são contrapostas a evidências históricas, nenhuma animadora no presente momento. as versões que se estabelecem ululam, reinvindicam o poder para si, e esfacelam craquelê na esquina mais próxima. é invisível, o poder protocolado é invisível a si próprio, nariz entupido em sangue. existem rastros e razões diversas, controversas, justapostas, em guerra. é tão cansativa a guerra que meus neurônios pedem ar – um ventinho leve de vez em quando, para proliferar vulcões na costa alheia a nossa, ainda que vá. sempre irá. a energia está fervente, é difícil resistir, ela vem abrupta e toma conta de tudo. o sol lá em cima quase sempre alto, quase sempre enorme, a lua enorme, a crosta terrestre enorme, e as conexões wifi segurando tudo em uns cabozinhos, parecendo inocentes. nunca o foram – tamanha ilusão. construída a coletividades tão vastas, atingindo os cantos mais fundos, tudo mediado. tudo em público. são públicas as memórias do povo. somos públicos mictórios. construímos em bases que bebem em papel marcado, obsolescência de mercados, viagens além-mar. ecoam em si próprias sobrevalentes, insurrentes, novas velhas vozes que nunca ouvimos porque mediados, agora juntos. juntos, mediados e em público. que vozes. que campos permeiam esses caminhos, coletividades vozes, continente.

  • olhos caídos em dezembro

    uma festa que não deu certo. um desejo contido. sufocado entre quatro paredes.

    duas imagens:

    (1) um quadro triangular, em 4:3, dentro dele uma escada velha de madeira, à esquerda. ao fundo, uma parede desgastada pelo tempo.

    (2) menina vai ao banheiro e ouve uma senhora falar. sai da cabine e continua a ouvir, ela fala de estrelas e lugares perdidos. e completa dizendo que os jovens tendem a confundir fantasia e realidade, o que pode ser perigoso e a preocupa. finaliza com uma satisfação: admira o trabalho dos jovens, e é tudo graças à tecnologia. À TECNOLOGIA.

    **

    o tempo me pede para escrever sobre o tempo que me consome e o tempo vasto que se perdeu nas memórias e que se sente na música que faz parar o tempo e bailar em voltas em saias que se confundem com meias que se confundem com beijos na boca. o tempo futuro é o que eu não sei mas os livros todos eles especulam, eles falam de crenças perdidas e espaçonaves, de andróides e mentes fora do corpo, os anos oitenta foram tanto. só suprimiria todos aqueles exageros banhados em laquê e centropeitos e mesmo alguns sintetizadores.

    o tempo em que durmo é que é passado em bocados, horas não sentidas, sussuros, cafunés-em-mim-mesma. acordo de lentes – que é pra inaugurar estas novas – e logo percebo; o quanto em vão, quantas vontades, e atropelos.

    resolução de fim de ano dá nisso, eu não ia fazer uma. eu precisava discorrer sobre o tempo e seria tão bom falar desse farfalhar das árvores daqui do bairro ainda que com o sol TÃO forte; do canto das cigarras não só ao entardecer mas várias vezes por dia. tem som de silêncio.

    falar sobre a aceleração neste fim de ano que é tão acelerado; na pressa se perde o sentido, na pressa as coisas vão caindo pelo caminho. dezembro cheira a nada, eu insisto mas não consigo, só tem som de cigarras porque eu ignoro os carros agitados e as compras intensas. por toda a volta.

    caio no mar. dou meia volta.

  • expedito

    considera-se uma obra póstuma 

    pontapé para o infinito, luminescência. construção de mercado velho feito afoita velha vontade, eu começo, eu ando em intenção e invento circunferências. já estão ditas, já estão escritas com todas as palavras do vocabulário corrente, em línguas misturadas que se apropriam umas às outras, como indeléveis imagens.

    um começo é uma estória, um porque em manifestação interna sem que responda à pergunta. eu recortei, ampliei e repaginei o conto, remixtures da música, misticismos dos outros e mais uma dúzia de ovos. não precisamos de justificativas, mas de ações. o ato de alguma forma antecede a teoria, pode ser versão da própria, cópia involutária de outrem, pastiche calado que subscreve. por mais que procuremos entender, não mergulharemos em todos os universos, não será possível dar conta do todo; por isso a unidade, o sujeito parcial que não se contém em querer criar suas versões dos mundos em ambientes pelos quais transita.

    porco-espinho mede universos, conhece intelectos e tem sua forma mutável de transeunte. pessoa culta que sabe cotar bem o embaralho das coisas, curte filme francês e vestes de seu avô que sequer conheceu em vida. “estava cheio de tecnologia”, um recém-amigo disse uma vez durante o trajeto. curiosíssima observação, senso comum das palavras impressas no jornal. dizem tanto desses parques de diversões contemporâneos ao ponto de nem parar pra pensar o que de fato se observa. adentrasse sem teoria prévia, o que é pouco provável, diria estar numa casa de fliperama dos novos tempos, ou num parque de televisões: estruturas expostas da máquina e outros experimentos com a luz industrial mágica.

  • brilho

    sobreposição de montes, desta vez novidade;

    aprender a mover os montes um por vez. os cascos.

    astutos montes concedem abraços.
    acolhi.

    acolhedores cantos de tanta lucidez,
    sem firulas,
    com respiros,
    sem bocados,
    entredentes.

    acolhedores montes de tantas mantas
    cem invernos
    toalhinha

    praia no inverno entrecantos
    – um ritual de chão,
    lá em casa.

    escopo de porventura
    sossego
    se entende o que vem e deixa o que vai.

    sem erro.

    compreensão do esforço e do zelo
    cada qual se encaixa
    aquece
    por merecimento

    o tamanho das palavras
    e todos os silêncios imagéticos
    mesmo os sem imagem:
    só silêncio
    às margens.

    vento que tem campo
    e canto
    aberto à construção de
    flores
    e à recepção de
    sementes

    construção
    invento.