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    they might have been a stratospheric artist, a bandmember of a once-known music phenomenon, a buster, a keeper, a wonderlust, an incredible singer, a babe from a magazine, the author of a novel published in hardcover. apparently, after a while, this doesn’t seem to matter any longer. all that matters is right here, on this river, watching plants grow, and the wind blows and i feel my stomach. not hunger, no, but high ideals converted in stomach feelings, moving and moving. there’s no stand still. there is nothing that stops growing, even if we might feel like.

  • estrutura

    como se reinventa um corpo
    (um desejo)
    a olhar por ele mesmo
    a se ver

    campo ampliado lente macro
    composição inteira
    de pé

    sustento, de pé
    altura, de pé
    postura, de pé
    abdômen, de pé
    (bem fincados, peso distribuído)

    peito aberto
    olhar

  • vão

    cabe quase nada nesse tampo fechado. ainda assim procuramos adornar com flores, colocar uma nuvenzinha entre as vestes e sair a foliar.

    os panos são tão grandes que quase arrastam no chão. juntam gelo, afagos, música de reco-recos e essas gentes que andam pulando pelas ruas. colhem chão, bebem cores e dão altos pulos que fazem ver o céu azul.

    custou a encontrar. ainda agora pensa se cabe, onde cabe, se vai caber. se vai transbordar. se vai deixar de achar a ruela, a data precisa, o encontro faceiro que desencadeia os ecos. os ecos são os povoamentos, aquilo que reverbera. que postula os verbos e segura o som em suspenso, até que as teias tenham se assentado um pouco. nada fixo. mas corre.

    a trama é o mesmo que o som. aquece. os suores que traduzem palavras, as danças que servem para ver um pouco mais. com a pele. a música e a música e a música que vem aqui todos os dias dizer que está atenta. que sobrexiste alerta. que abre a boca como numa animação, engolindo os maus polimentos.

    existem pilhas de ideias que merecem ser compensadas com uma torrezinha, uma pequena dor em alento, das que lembram que as articulações em tudo contribuem para o andamento, para o volume. precisam estar presentes. o estiramento dos ossos, músculos em retorção, e depois a maciez do toque, a complacência inventada em dias de pequenos gestos.

    os povoamentos. os povos que acordam, tecendo dormentes a céu aberto.

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    detalhe01 detalhe02 detalhe03/

  • o tanto que fomos,
    o tanto que somos

  • marte em câncer

    mesmo com tantas imagens férteis

    ainda que solitárias

    se fechar é a única coisa que resta

    a quem estátua está

    encolho, maledicente, movediço

    fora do alcance

    que só se dá a dizer

    quando vem reclamar

    indivíduo

    uno

    guarda briga

    < uma cachoeira se ergue aos meus olhos está ali não é para mim tampouco a comunidade: sou um fantasma >

    um monstro que repara a dívida

    enquanto faz caminhar os prantos

    não sou alma que recolhe

    não sou arbusto

    sou caramelo informe

    alma que celeste

    chão duro

    voltagem

    entrelaçante, amante, lívido

    tuas costas não sabem o preço dos meus anzóis

    também pudera, nunca quiseste caminhar junto

    faltava desejo

    a mim sobrou vontade de novelo

    de festejo, mereço

    necessidade pulsante sortida

    perdida a disputa

    desalinho

  • verão 3000

    enfrentar o atropelo que é o verão o sol alto a temperatura alta o som ensurdecedor a latência pedindo abrigo o trabalho dizendo vem, me chama, procura, abraça, mostra teu charme y a que vem nesse mundão… ah, janeiro, ah, rio de janeiro, ah botafogo dos barulhos grosseiros y da convivência quase muda, séria, e ontem rimos, olha só, nós rimos, eu preciso rir mais pra viver

    do jeito que vivo parece que o tempo nunca abriga nada porque não há silêncio e tudo é quente demais. também porque estive tanto na rua que não consegui viajar. lá estaria mais fresco, mais seco também. ver os amigos, dançar, encontrar o momentum, a hora propícia para restaurar, reiniciar, deslanchar, acolher

    encontrei mil corpos, me entrelacei, dormi de conchinha duas vezes, ah, janeiro. me traz de volta o encontro, a relação, o mimo fofinho gatinho chamego chão, chamego música, cozinhar y curtir galerinha que compartilha, colhe planta no quintal… eu gosto desse zelo, eu não venho da cidade, não brotei em apartamento, eu sou do chão, e do mar

    lá naquela terra que é via de encontro eu vejo um céu gigante, uma orla antiga, quase de outro canto, a sensação é um misto de infância com juventude com antepassados, outro estado, viagem, estado de viagem que é logo ali, depois da ponte, vira a esquina, está em 1990 e 2007, 3000 era tu comigo

    invenção cinema, mundo aberto, efeitos especiais que nunca vi, antes não tenho me dedicado, é verde é rosa brilha e rodopia, me faz rir e querer dançar. galerinha boa, pergunto se

  • emo sex

     

     

     

    quais capuzes usar numa noite de chuva?

    deletérios medos

    dúvidas capazes de

    salientar

    um desejo

    .

    o tesão se desloca

    pornografia não dá conta

    (quem tem tempo mais para atravessar

    um mar de imagens pífias

    até encontrar aquelas bonitas,

    dignas de imensidão?)

    hoje não

    .

    o erotismo das palavras

    que aparecem

    o erotismo

    dos filmes que não assisti

    dar-se ao prazer das imagens

    encontrando cantinhos

    que fazem arrepiar e sorrir

    ao mesmo tempo

    .

    nas últimas buscas

    digito: love

    digito: intimacy

    digito: laughing

    laughing sex,

    emo sex:

    meus favoritos

     

     

     

     

  • hortíferas

    as celebrações que relegas ao outono
    ao inverno
    às hortas vorazes criaturas antigas
    do condomínio
    do chão

    cultivo de meias-portas
    altivos, saltitantes
    embriagados envoltos em colagens
    turvas, imensidões
    povoamentos silvestres

    familiares mezaninos
    cabides, abraços
    aqueles meninos já grandes
    as suas voltas
    e botas, e cabelos encaracolados

    já não colhem tão sossegos como
    ouvi, uma vez, estive lá
    ficção
    viagem fantástica conto de pandemia
    brechas
    saudosas

    já não sei se
    há caminho
    se quero inventar
    buracos
    no chão
    que não há

    entretanto está
    aqui, diante de mim

    fundamento, ligadura:

     
    um espectro