• – a partir daqui nós vamos. a partir daqui não vamos titubear.

    – courage era sobre dúvida, sobre hesitar depois ir, sobre inventar caminhos, se meter no não visto das coisas, encontrar uma ferramenta mágica que te fortalece, pular, se jogar, ir. courage (azul): naipe de paus, fogo, coragem. vestir carapuça, semmedo. mais que isso: inventar o caminho, inventar essa courage que não torna rígido mas maleável, capaz de se misturar com o que há em volta. só assim. ética do trânsito, só que agora a tua memória

  • ~

    minhas vestes de samurai já não ecoam hinos
    os ramos não existem mais

    astutos saberes de coisaduras
    ibagens

    é preciso reinventar as estruturas
    visagens, planas, espasmos correntes

    todos os meses foram postos à mesa
    assim como os iguais

    calados, publicam membranas
    assombram correntes, seguem coisas mortas

    ..

    do sentido que perdemos ontem
    temos aqui: uma amostra

    um não-sei-quem-faz
    percorridos foram os ventos

    têm sido todos os dias
    todos os dias me calo

    tagarelamos conjuntamente sobre quaisquer assuntos
    minha boca tem bolhas

    de sussurros me faço em paz
    solfejo, passarinha

    se abro os véus me põem mais bolhas
    inócuos vermes que saem

    nada de auspicioso nisso, sabemos
    contudo, minha boca

    astutos sossegos construídos e sem modos
    seremos,

    selar os cantos de coisentão
    e procurar morfemas

    livros
    uma boca inerte talvez que observa

    se expressa por uma vitrola
    mais frequentemente pela cozinha, mesmo

    barriga
    sabor e transformação de matéria, alimento

    (quase não escrevo)
    (quase não obliquo)

  • a (campo de ação)

    quando cessam os estudos festivos
    começa a memória
    e a invenção

    astuta perscruta pela ciência
    a anticiência
    os jardins e as matas densas

    antígona imaginária tênue
    em museus de dinossauros e fósseis
    plantas, arbóreos, gramíneas e monumentais

    sábias matizes que abrem um tanto mais
    em ações afirmativas
    outros chãos
    às memórias
    de que eles bebem
    e assumem

    eles, os europeus
    os homens fazedouros
    enquanto suas mulheres cosem
    e cuidam

    de quem será a voz
    na membrana –
    da família, da sociedade
    do prumo que argue e intervém
    no antro das comunidades

    circenses, elas vão
    abrir coragens em liturgias
    cânticos, audazes e ferozes

    ..

  • um monte de notícias eu guardei pra ti

     

    uma ficção política que takes place no bar dellas,

    ali, encruzilhada de todas as horas

    todos os caminhos levam a

    e sempre tu encontra alguém conhecido

    eu tenho muitos conhecides nesta cidade

    alguns bailam comigo

    alguns convidam

    uns poucos não somem, ah

    o círculo de cinco tão restrito pandemia

    ninguém aguenta mais

    mas era assim

    que acontecia

     

    o encontro da noite a magia

    a gente falido falando besteira

    se apresentando em plena madrugada

    é menino ou menina a gente ouve

    na primeira saída

    a única

    em tempos

    na orla

    da ilha

    você não quis vir

    de novo

    à margem

    das águas

     

     

     

     

     

    eu acho que a gente compartilha

    uma ínfima notícia um zelo

    um carinho irrestrito assim guardado

    envolto em todas as defesas possíveis

    de viver o mundo

    eu vivo na minha cabeça e basta

    e acho que todo mundo vê

    o que eu vivo aqui dentro

    alegoria inviável essa

    aprender a

    externalizar

    aprender a

    viver o mundo

    sentir o rasgo o fogo o bocejo

    fogo fátuo toda hora

    o que não dura é

    alucinação

     

     

    um monte de notícias eu guardei pra ti

     

     

     

    não ter medo da memória

    assim é isso?

    não ter medo de

    existir em abrupto

    reencontrar assim

    aquilo que é áspero

    que prorroga

    indefinidamente

    o não-acontecimento

    aquilo que inventa

    o vivido e a festa

    a larga partida

    campo percorrido

    a pé

    tua mão

    os lábios

    os pés

    meu exílio

     

     

  • corpóreos

    preto pretofurar vermelhobases1 vermelhobases2 vermelhopilaresimagem

  • as palavras não dão conta de surrupiar os novelos
    ficam assim: pasmas

    e de tantos espasmos, começam a se mover de mansinho
    por entre encostas, espaços abertos esquecidos pelo tempo
    das multidões não mais seremos, até que

    não haverá verbo para cessar os fogos
    se não aquele gesto mínimo, da face
    dos mais próximos

  • supremo

    está passando a idade. ele disse. vc ainda é jovem. ele disse. você tem traumas que não me concernem, ele disse, mas você tem que tentar. curar essa dormência que te enerva, que te torna objeto, bicho, criança que chora em público. ele falou que você dorme com estrelas, mas que também precisa de contagens. de estórias, sim, mas também de corações e feridas. sem feridas não se produz ideias, ou sem coceiras fica-se sempre no mesmo lugar.

    na verdade eram duas coisas: você e o mundo. o que você faz pro mundo é o que você é dele, é o que te torna ele, é o que dele você extrai. você se torna mundo quando se divide em dois e depois em muitos, une todos num abraço, depois desencanta e segue em frente. ir embora é como duas metades iguais: a presente que vai ser sempre presente, e a futuro que não existe no agora. ainda assim, agora e presente se fundem naquilo que ainda vai acontecer e é incerto. e de coisas incertas entende o mundo.

    e ele te abraça. com uma chicotada antes e outra depois, que é pra acordar.

  • ;

     

    reinventar do início, reescrever outros modos. isso e mais.

    investigadora crônica, compositora de enigmas, astronomias terráqueas, fogo que se faz. escrita de fortuitos acasos, devaneante-mor, viagens de força-propensão, verborragias sazonais, ama silêncio, ama vento e agrião, agridoces, sais, aprende com o mar e com as imensidões. vem dos rios e das montanhas pedregosas, úmidas e cheirosas, florestas de pinhais. desentende as cidades, mas coleciona mapas e anda elas inteiras a pé. dízimo de complexidades. a performance começa tímida, hesita, age de última hora, ri, refaz, tira a roupa ou entrecores-brilhos, e sai cantarolando onde for, alto e em voz. risadas. há de se fazer, há de se fazer. (…)

  • kinomichi (linhas)

    volante
    volátil

    kinomichi_1

    kinomichi_2

    kinomichi_3

    kinomichi_4

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    kinomichi_11