

itacoá,
um caminho afago
no sol de vinte e seis de dezembro


itacoá,
um caminho afago
no sol de vinte e seis de dezembro
onde estão os relógios
que congelam
trajetórias
para que se possa criar um morcego
debaixo da escada
uma escarlatina
que não tem fim
e volver
pois sobretudo amamos focas
e podemos fazer refeições
abraçadas em sóis
complexidades, a pessoa diz
posto que tudo perde o gênero
a partir de agora
e as tentações caminhos se viram em novelos
rasgos, bocados, amargos canos que porventura
costuram chão
se imagino
onde os sabiás constroem aviões
e não sabem mais dúvidas
nem mentiras
nem solapos
nem digressões
existem uns cabos
que acabam enganos
encontram famílias em anzóis
e fingem costurar alguma coisa
ainda seguram
as vozes novelos e todos os elos perdidos
para que possam sucumbir
e não saiam
do chão
os topos dos prédios
os cumes das montanhas
os abraços amigos
e as botas
se encontram, de espera em espera
à olhadela da esquina
procurando a próxima cidade
enquanto o espírito se abre em fôlego
a encontrar o ritmo
ao passo e ao vento
para que se formem
novas memórias
e campos de ação
não há acaso
só vínculo
derreter as calotas polares das lembranças esgarçadas y toda força corrompida por memórias em acúmulo, calos e afagos demais. sim, pois afago de memória, afago sem fala, só silenciação.
gago e rouco o silêncio das vozes, as palavras mordidas, comunicações vastas e interrompidas furtivamente em um passar dos carros. amassar latinhas.
e então comunicação demais, difusos meios, ruídos sem voz. somente ruídos. somente voz. separados eles ganham fôlego, vão colhendo suas florezinhas de papel cultivadas sem qualquer ordem, às manhãs que variam de horário pois dormem (às vezes)
as calotas polares ali se curvaram aos bem-afrescos-e-aventurados, renovados, também curvos, subiram ao púlpito celeste e de lá propagaram – não antes sem vômitos na fala, engasgos, borbulhos – e então, pé ante pé, desceram torrentes as ladeiras em capas de chuva anti-vulcão, como se seus corpos fossem removíveis e então trocassem por outros, ou se fosse possível ao invés cambiar de ganas, peles e de vontades tropeças – ao inventar uma capa à prova de.
me pergunto se é possível reescrever as narrativas de um modo tão codificado que não seja possível corrompê-las, pois sempre que se pensar ter encontrado o número, a senha, ela se transformará e soltará uma risada bem enorme na tua cara e será toda fofinha, stroboscópica, intragável e inapreensível. sempre a memória
lancinantes lavas de vulcão. gratuita, eu sou voz e não existo. eu sou fotografia, pois luz, pensando que todos os meios conhecidos se tornaram voz, propagando no ar así tantas firulas. penso se tudo o que é supérfluo me alimenta. supérfluas vozes. supérfluo torvelinho. supérfluos amores que me sustentam (em memória)
corpo que se levanta em vão, cultiva quarto, cultiva casa. esquiva. cumpre beneditos compromissos e corre, decide correr, assim como decide parar ou incidir em pausas para mor de respiração
(respira)
ladeiras cálidas que um dia acolheram agora incidem em pergunta
eu só cuido das madrugadas, digo,
de novo e tantas vezes
antes da artemarcial e daquilo que chamam cotidiano
rodopiar dentro de um campo
vem sem veneno
corporificar o gás
redescobrir as artérias
é fôlego é lucidez
fumaça irrompe
labareda
os nossos caminhos
multiplicam-se em roda
sabem encontrar uns
[aos outros
caem, sobem, vertem-se
em sabedorias milenares
repactua
o desejo
vem
celeste
caber
colhe
que tenha corpo –
e saiba se abrir
sem medos de feridas.
há tanto! no meio
emaranhado
vir
sua linda. buh!
engole velocidade
luminosidade das bordas
argumento
a
palavra não cede
não é objeto
abre
cosmologia da boca:
gosma falada
às vezes, constelação
que se compõe
pelas calçadas
no fim de tarde
e de manhã
quando cessam as vozes
e as buzinas
se transformam
em árvores
a insistência no exílio como matéria infértil
(não se exila no concreto; somente nas montanhas ou à beira do mar)
porosidade
vox ~ partituras de verbos y danças / por inês nin
*
brilho
clã
corro
respiro
ruído
sustento
vento
acaso acesso afeto amorzinho azuis ação caminho campo carta casa casa comum celeste chão cidade coletivo corpo cotidiano dança desenho encontro epílogo floresta fogo gesto img linhas lugar mato movimento multidão percurso poesia política prosa ra- ritmo rua sul texto trabalho txt versaletes verso viagem vida
casita / videogramas / resquícios do mundo das imagens / vooazul
