de tanto rugir, alcanço uma beleza que gosto
de tanto medir, me rasgo
de tanto começar, reinvento, resgato um alento
de tanto fugir, chego a um consenso
frente a frente com o rasgo
compreendo a dor
tudo o que confere caminho
é válido
de tanto rugir, alcanço uma beleza que gosto
de tanto medir, me rasgo
de tanto começar, reinvento, resgato um alento
de tanto fugir, chego a um consenso
frente a frente com o rasgo
compreendo a dor
tudo o que confere caminho
é válido
pensa-se que há audível,
porém, ruído não há
encontro botas largadas na sarjeta
vestes difusas, andarilhos
jacintos galhos a colecionar bocejos
lentidão
não encontro encostas e esfaleço montanhas
são todos engasgos
atalhos, firula
meus olhos investem em corticóides e essas
velharias que não fazem sentido algum
remédios
enganos
farmacodominalescos e arbustos artificiais
construídos por indústrias
sem-noções
meu cabo asfalto é doce
já não me reconheço
o resto, está sujo
vou embora
o que é que quebra e sai
correndo
queria viver por dentro das coisas
sem ter que almejar
torrentes nada
justiça pelego
divulgação supremacia
emprego, asfalto
divulgação
essa coisa vã que consome
todos os poemas
todos os dias da vida
já quis morrer
inúmeras vezes
porque todos os dias
têm de ser pagos
e o dinheiro torna a minha cara muda
a necessidade
embebe em substituições
aquilo de que seriam feitos os dias
instituições, vontades
não andam juntas
pois brigam dia-a-dia
o estudo o apreço
a escrita envelheço
sem publicar livro
não
publico
divulgo
e emudeço
de novo
– a partir daqui nós vamos. a partir daqui não vamos titubear.
– courage era sobre dúvida, sobre hesitar depois ir, sobre inventar caminhos, se meter no não visto das coisas, encontrar uma ferramenta mágica que te fortalece, pular, se jogar, ir. courage (azul): naipe de paus, fogo, coragem. vestir carapuça, semmedo. mais que isso: inventar o caminho, inventar essa courage que não torna rígido mas maleável, capaz de se misturar com o que há em volta. só assim. ética do trânsito, só que agora a tua memória
onde estão os teus amigos?
eu olho para o lado e vejo
um centavo jogado no chão
da esquina
quarentena e penso na praça
tiradentes, antes da pandemia
os corpos passantes os
encontros travados, começados
emperrados, abraços e uma
perspectiva de
alegria que fica para
depois e então __
sonhei que você escrevia um artigo sobre incomunicabilidade
e compartilhava um vídeo do processo comigo
o canário se aproxima
não é hora de se subjugar
tecer constelagens de pequenas falsas mordagens
firula, que nem algoz
diria que não
diriam que não tantas coisas
furtivas vozes que se refraseiam
e parafraseiam cristais
pardais sem nome
pássaros migrantes sem lugar sem hora
capaz
foste uma vez mudar
de capa, de penas, de anzóis
e casacos de chuva, para
dias secos que se seguem sem vez
aridez de tantos cantos
de danças que revigoram
caminhos
abraçam amigos fazem chorar
cantam vestígios de toda hora
prontidão
rastros cantos quebrados asfaltos
mortes pelas vertigens dos estados ali
amigos, de novo, presenciam
alguns
solfejos dos sem caminho
das fugas premeditadas
daqueles que guardam dinheiro há dois ou três anos
providências
barcos, tenho pensado em barcos
mais que aviões
que afundam, barcos, asas, pássaros
e modos de transporte menos lembrados
ainda que catracas, consulados, gente que irá te julgar
em tempos em que violam países
sempre violados, a história diz
tão frequentes as violações
que se pensar nisso não move uma pena
uma linha sequer
e tantas linhas se tecerão
pelos encontros as danças
nunca parar de dançar
nunca pestanejar, ainda que
inversões caminhos entremeâncias ainda sonhos
ainda diversos lugares viajo entrementes
danças, volto, rememoro, faço espiralar
nunca deixar de dançar nem os encontros
lá, a teoria, as ideias tão antepassadas
e que no entanto retornam
perduram, te atiçam em voz e são os universos que colidem
os tanto mais a incentivar
lance curioso
atrito produtivo
vontade
vaz
ação de torcer, moer, extrair suco. até sentir dor. até subir no topo de alguma coisa, e de lá a reconfortante vertigem. a luta bruta.
ataduras, nos pés e nas mãos. corpo torcido. cara bruta. cara resoluta. cume, abrigo.
praticar a dança – eu te disse – praticar as expectativas e desconstruções. no chão da sala, nas frestas. remover com tinta vermelha o que há nas entrelinhas. escrever demais. desenhar todas as coisas, passado o vazio, passado o chão: depois de doer, reconstruir como se nunca tivesse feito a membrana.
desenho, desenho, desenho.
vox ~ partituras de verbos y danças / por inês nin
*
brilho
clã
corro
respiro
ruído
sustento
vento
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