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versão dos presentes
é preciso uma calma. te entendo. e como dizer que, isso, agora? é. é bonito, também. apaguei na rede da sala, hoje à noite, cansada. que domingo..
me parece que a resposta, o breve vacilo, o medo/desejo surge com mais força quando chega a resposta do outro. que já era resposta antes, é um belo embate.. feedback, trocas. coisa alegre crescente cheia dos seus potenciais. então recuo, ponderação, releitura. são os tempos.
vontade carrega seus riscos, talvez seja isso que pretendemos controlar. mas oh, os riscos. são o frio na barriga!
acho que digo que sou tranquila se contar que os mundos se criam. eles não precisam obedecer padrões, são sistemas independentes e podem variar, são desenhos em papel em branco.. e mesmo que cada um tenha seus padrões e um repertório de ideias sobre o mundo, as coisas, as pessoas e como agem, é, é, as coisas não são estáticas. lembra quando eu falei que tenho um milhão de modelos e teorias, claro, mas que preferia não falar deles? com o tempo às vezes me rendo e acabo falando, e eles sempre me soam insuficientes, parciais, gastos.. ajudam a entender as coisas, mas talvez por definição as encerram numa totalidade. e isso é problemático, por isso que elas estão sempre sendo reescritas, ou não-ditas, por ora, aceitando metamorfoses.
[03/05/2010, 1:41 am]p.s. intensidade, ah.. dizem que existe um certo equilíbrio, e é isso que se busca, aperfeiçoa a busca, é bom buscar. se busca coisas novas, reinvenção, e todas as boas não são intensas? tudo uma questão de tempos. de ter calma correndo riscos; o tempos, eles são alegres
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que tenha corpo –
e saiba se abrir
sem medos de feridas.há tanto! no meio
emaranhado
virsua linda. buh!
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água
a insistência no exílio como matéria infértil
(não se exila no concreto; somente nas montanhas ou à beira do mar)porosidade
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roupa
ritmo, tessitura de tempo reverso.
composição de nervura; processo.
lavar roupa como prática artística. lavar roupa como gestual de braço, força pequena, corpo em riste cotidiano. lavar roupa como prática subestimada em todos os tempos de correria urbana. lavadeiras, seres rurais.
– por que você não compra uma máquina, inês?
– mas e sentir o processo, o fazer? o tempo é outro, não?(isso vale para tantos degelos de dobras, tantos variantes da mesma partitura)
testo um ritmo; leveza. quando pesa revejo os trejeitos, penso se cabe um pouco lá, por fim cedo. às vezes o rumo é ceder, sem invalidar o processo.
um ano inteiro lavando roupa na mão. arreguei por duas vezes bem esparsas: levei roupa pra lavar no rio de janeiro, carregando na mala. não tenho tempo, aquela frase tão sem vazão.
não ter tempo é não dispor de si mesmo, não ordenar bem as coisas, priorizar sem saber como.
(sabedoria de tempos mutantes, sempre se faz, se recomporta)
aprendo tanto com gestos cotidianos, uma casa que se faz, precisa se fazer do zero, ponto de partida mirim para tantos gestos maiores, relutantes, aprendizes gigantes.
mais difícil entender o que vem pronto, o que chega benfazejo de durezas de formas e poucas brechas entre azulejos para composição. gesto é composição, é cuidado, olhar o terreno e entender como ele te abraça.
como se faz um abrigo? com que autonomia posso cuidar de um sustento?
(não será com braço alheio, não será sem chão)
(é quase música; repito, enveredo)
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porquê
o que se faz das estruturas
assim: existem pelo menos duas formas de planejar a vida. uma é a famosa, a canônica, a da tradição: escolhe (tu) uma profissão. escolhe (tu) alguém pra dividir a vida. escolhe (tu) os teus hábitos, e fica com eles. escolhe uma vez e segue até o fim, para um dia “descansar” (da profissão, não do alguém), adapta os hábitos porque se sente velho, digo, velho são os últimos 40 anos da sua vida (pelo menos, em média, vai saber).
às vezes tu escolhe porque não tem escolha. tu escolhe porque tem essas três opções aqui, o resto é muito arriscado, tá louco. na maioria das vezes tu escolhe a mais fácil porque dá pra seguir, porque dá pra agüentar, porque é melhor que não ter nada; imagina, ter a vida instável ou não ter ninguém pra dividir a solidão.
solidão arde, mas solidão pulsa. solidão junto é contemporâneo, é indivíduo-natureza, é coisa de dois e não um. solidão em grupo são idéias; não é tão solidão, é parceria. minha escolha hoje é conhecer essas pessoas e fazer isso, e eu vou chegar lá.
sólido é aquele que não tem medo. mas nem assim tão sólido, é mais pulsante, às vezes muda de estado e viaja por entre as coisas, os elementos.
sozinho é o eu que não tem. é o que se pensa sozinho, sai pouco do lugar, oscila nos dois pés. sorri amarelo, reclama em vão. suporta a si mesmo, quando consigo pode conviver. desaparece sem viver, porque vive o vazio do ausente.
pois quem escolhe pode escolher tanto.
a outra forma de um sujeito planejar a vida é viver de verdade. e pode me dizer o que é verdade, ou não, eu sei que tem diversas formas. mas viver de verdade é viver pra si mesmo, é ser sólido e não ser sozinho, é não se contentar com o óbvio das coisas. é consciência de limitações, de histórias, de ódios e de consensos. é suavizar tudo isso na forma de responsabilidade, na forma de risco, na forma de criação.
ser criança um dia foi ter umas poucas regras, regras de um mundo-novidade, e um monte de rigidez dentro e fora. pois então cautelas, meu filho não se machuque, eu não quero seguir carreira de médico.
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verão 3000
enfrentar o atropelo que é o verão o sol alto a temperatura alta o som ensurdecedor a latência pedindo abrigo o trabalho dizendo vem, me chama, procura, abraça, mostra teu charme y a que vem nesse mundão… ah, janeiro, ah, rio de janeiro, ah botafogo dos barulhos grosseiros y da convivência quase muda, séria, e ontem rimos, olha só, nós rimos, eu preciso rir mais pra viver
do jeito que vivo parece que o tempo nunca abriga nada porque não há silêncio e tudo é quente demais. também porque estive tanto na rua que não consegui viajar. lá estaria mais fresco, mais seco também. ver os amigos, dançar, encontrar o momentum, a hora propícia para restaurar, reiniciar, deslanchar, acolher
encontrei mil corpos, me entrelacei, dormi de conchinha duas vezes, ah, janeiro. me traz de volta o encontro, a relação, o mimo fofinho gatinho chamego chão, chamego música, cozinhar y curtir galerinha que compartilha, colhe planta no quintal… eu gosto desse zelo, eu não venho da cidade, não brotei em apartamento, eu sou do chão, e do mar
lá naquela terra que é via de encontro eu vejo um céu gigante, uma orla antiga, quase de outro canto, a sensação é um misto de infância com juventude com antepassados, outro estado, viagem, estado de viagem que é logo ali, depois da ponte, vira a esquina, está em 1990 e 2007, 3000 era tu comigo
invenção cinema, mundo aberto, efeitos especiais que nunca vi, antes não tenho me dedicado, é verde é rosa brilha e rodopia, me faz rir e querer dançar. galerinha boa, pergunto se
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marte em câncer
mesmo com tantas imagens férteis
ainda que solitárias
se fechar é a única coisa que resta
a quem estátua está
encolho, maledicente, movediço
fora do alcance
que só se dá a dizer
quando vem reclamar
indivíduo
uno
guarda briga
< uma cachoeira se ergue aos meus olhos está ali não é para mim tampouco a comunidade: sou um fantasma >
um monstro que repara a dívida
enquanto faz caminhar os prantos
não sou alma que recolhe
não sou arbusto
sou caramelo informe
alma que celeste
chão duro
voltagem
entrelaçante, amante, lívido
tuas costas não sabem o preço dos meus anzóis
também pudera, nunca quiseste caminhar junto
faltava desejo
a mim sobrou vontade de novelo
de festejo, mereço
necessidade pulsante sortida
perdida a disputa
desalinho
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sonhei que você escrevia um artigo sobre incomunicabilidade
e compartilhava um vídeo do processo comigo