• no momento
    que antecede
    o recuo

    ali

    faíscas movediças eu vi

  • emo sex

     

     

     

    quais capuzes usar numa noite de chuva?

    deletérios medos

    dúvidas capazes de

    salientar

    um desejo

    .

    o tesão se desloca

    pornografia não dá conta

    (quem tem tempo mais para atravessar

    um mar de imagens pífias

    até encontrar aquelas bonitas,

    dignas de imensidão?)

    hoje não

    .

    o erotismo das palavras

    que aparecem

    o erotismo

    dos filmes que não assisti

    dar-se ao prazer das imagens

    encontrando cantinhos

    que fazem arrepiar e sorrir

    ao mesmo tempo

    .

    nas últimas buscas

    digito: love

    digito: intimacy

    digito: laughing

    laughing sex,

    emo sex:

    meus favoritos

     

     

     

     

  • marte em câncer

    mesmo com tantas imagens férteis

    ainda que solitárias

    se fechar é a única coisa que resta

    a quem estátua está

    encolho, maledicente, movediço

    fora do alcance

    que só se dá a dizer

    quando vem reclamar

    indivíduo

    uno

    guarda briga

    < uma cachoeira se ergue aos meus olhos está ali não é para mim tampouco a comunidade: sou um fantasma >

    um monstro que repara a dívida

    enquanto faz caminhar os prantos

    não sou alma que recolhe

    não sou arbusto

    sou caramelo informe

    alma que celeste

    chão duro

    voltagem

    entrelaçante, amante, lívido

    tuas costas não sabem o preço dos meus anzóis

    também pudera, nunca quiseste caminhar junto

    faltava desejo

    a mim sobrou vontade de novelo

    de festejo, mereço

    necessidade pulsante sortida

    perdida a disputa

    desalinho

  • de mão / corpo / água

    pensar meu nome escrito em
    ar condicionado
    terno emplumado, enxuto, asseado
    sapatos de verniz ou botas
    paetês
    (a um pertencimento)

    azul
    verde
    prateado

    mata úmida
    bem chegada

    és tu mais uma vez
    sem porquê
    de corpo devaneado
    mal inventado

    a saber se
              encontra
                  patrocínio
    age à mentira relatada

    (sem café)
    (com água)

    pero sem aquela
    poça
    alagada
    dos dias
    chorados
    a conta vencida
    ansiedade

    concreto é ver
    alguns absurdos
    darem certo

    em brilho vermelho
    lá fora

    uns amigos reunidos
    em volta
    em torno
    de
    fogueira
    constelação
    aquilo que age

    sem aqueles mesmos
    vícios
    donde se ouve
    ecos
    sinos
    conjunção

    a roupa é a roupa é
    a roupa mesma

    quis estudar
    teatro
    mímica
    butô
    cortes rasgados
    cenografia
    cosmologia
    lugares longíquos
    montanhas
    seres viventes

    sim
    sempre muito vivas
    e imponentes

    a lembrar aos sóis
    que habitam em nós
    que tamanho temos
    que somos maioria
    que somos magníficas
    que não existe caminhar só
    nem casa grande demais

    os buracos
    hão de ser preenchidos
    ou habitam
    novas memórias

    não se deixam trancar nunca mais
    não se deixam tolhir nunca mais

    completam
    se cumprem
    permanecem abertos

    somos maioria
    somos (subjetivamente) imunes

    estamos vivas
    como as árvores
    e as montanhas

    que se engendram umas nas outras
    e criam raízes subterrâneas
    nunca rasgam
    nunca hão de cair
    são selvas
    indomesticáveis

  • parede

    sem lugar para o gosto
    verbo, sem lugar para a dança
    (lugar)

    a-lugar eu faço, a esta hora
    não antes, depois não saberei
    o que seria dos rejuntes sem estes cantos

    (e tantos anos sem ao menos uma linha escrita, aberta)

    fechadas casas são as tuas, apesar de entrar
    conheço tantos meninos com medos
    de serem entrada, passeio, abertura

    não era a tua, mas hoje
    sempre reparo quando falas dos beijos dos outros
    os beijos dos outros não existem seus
    não lá

    (como se negasse uma possibilidade, exame)

    ação que em si mesma é só uma memória enviesada
    recente, confusa,
    clara em linhas retas de parede perfurada
    sem chão

  • miolo

    costurava vozes e engasgava ruídos em sonho e em situação. sim, sonhei em situação, que se estendia até transformar algo potente em intensidade demais, ruído demais, então acorda. corpo dolorido, vai se reconhecendo nas dores, resgatando cada processo que enfim desembocou em – massagem. curvas que doem e fazem barulho, e assim cura, processo de cura, retorno às espirais que tanto me cultivam e me fazem estar em prumo. não tem persistência na aula porque mensalidade, mas o corpo vai aos poucos ganhando memória.

    da última vez que caí de bicicleta fez uma surpresa meu corpo – ele já sabe girar e se esquivar ao máximo da queda, aproveitando o impulso pra subir. rolamento, das aulas de contato-improvisação e kinomichi. ecos de aikido, que ainda não conheci em estado puro.

    obviamente me questiono sobre as divisões do tempo que faço e as relações que estabeleço. sonho que estejam próximas de algum zelo que não faça demorar demais. ninguém deseja que. ainda que o reconhecimento de que alguns processos demandam uma duração mais contínua, outros mais desenfreada, e por fim os processos lentos, lentos e fundamentalmente importantes na composição da narrativa.

    costuro. começo a costurar. da manutenção básica de tempos em tempos, necessária para o bom funcionamento das máquinas, óleos – eu só queria um cotidiano silêncio carinho gato afago comida quentinha e correr, pra sentir os músculos um pouco. sem fumaça de carros. qualquer lugar.

    só existem específicos e apontados com muito afinco, nada mais.

    memorar todos os dias.

    o sonho em matéria de chão era bem aberto, talvez excepcional, ou algo de excepcional ocorria. união entre lugares, referências, pessoas de esferas austrais e música. em tudo de excepcional haverá música (ou silêncio)

    braços abertos \o/

    mentiras vocês contam toda vida, e então acreditam nelas. um buraco asfáltico assim se cura? pontaria. tentam muitos, assistimos, criamos mídias bocados para silenciar e para vociferar, todas medidas. tornam mentiras também, as mídias. sobrepõem em camadas.

    o corte, o corte é a medida. meio de existir em camadas mas saber acessar – onde estará – a curva

  • a bailar (xilofones)

    caçadores de mentiras
    espalham-se como ratos, como pássaros
    ululantes em céus de verão
    e em invernos.

    o ano todo
    a expor suas criações inéditas
    fugidias e pretensamente
    despreocupadas.

    costuro idéias
    de cores celofanes, bem longe dali
    todos os dias
    todos os dias
    pra espantar as memórias
    inóspitas.

    lembrar de futuros distantes
    onde histórias
    são criadas para entreter furacões
    de infâncias perdidas
    gastas em preocupações
    tão corriqueiras.

    ideias de gênios passantes
    com cachorros a tiracolo
    animais pitorescos
    fantasiados de carnavais
    por vir!

    xilofones de montão
    pra entreter
    tanta gente.

    (!)

  • pegar com o dedo aquilo que desanima. é uma coisa, palpável, que oscila entre o estômago e o pescoço. beira a garganta, raramente sai a público. uma emoção convulsiva, evasiva, inerte: presta pra nada, essa torrência.

    desanimar o desânimo. chegamos nesse ponto. nunca estivemos em outro lugar.

  • ia

    org
    órgão
    organiza
    orgia
    ia