• a alegria do espírito vem da imensidão

  • estrutura

    como se reinventa um corpo
    (um desejo)
    a olhar por ele mesmo
    a se ver

    campo ampliado lente macro
    composição inteira
    de pé

    sustento, de pé
    altura, de pé
    postura, de pé
    abdômen, de pé
    (bem fincados, peso distribuído)

    peito aberto
    olhar

  • o acúmulo depois de um tempo pesa

    o acúmulo depois de um tempo pesa
    passa
    atrasa os terrenos

    tempo curtido,
    escasso.

    o acúmulo que tantas
    coisas fiz
    (e de assuntos que não são
    memória)
    a glória
    é construção
    acaso
    limpa que se faz nos braços
    e abraços
    que se preza.

    a calma
    construída
    conhecida

    os lugares mesmos
    meus que não
    permito
    o aflito
    foi abafado em construção

    o ritmo
    das memórias
    das glórias e
    dos bocados bocejos
    cotidianos –
    trabalho

    todos os dias
    no metrô
    os abraços sem abas
    e os atos sem glória
    a história

    a construção do
    ritmo que não
    cabe na memória

    se faz
    nos movimentos
    de um braço queluz

    em cruz

    solfejo,
    tateio,
    alento.

    abre alas
    para um pouso incerto
    (e por isso mesmo,
    esperto)

    compõe bicicleta
    sabe os trejeitos
    da espreita
    e das composições
    das quais só vê
    um
    ou dois
    motivos

    um respiro
    é um começo

  • casita armar

    casitaarmar

  • à bicha amada
    os louros as vozes cotovelos
    asneiras cabíveis lastros forças motrizes
    lentidão

    à bicha amada
    um corpo dourado à espreita
    (não era isso)
    um rosto abrigo beijinho

    chamego
    é o nome que se dá para cuddling
    na língua dos nossos parentes de terra
    de chão inventivo que só faz
    às gazes algozes cantinhos feridas
    assim

    de bairros distantes estrada aqui
    bem perto aqui
    ontem quem diz mês passado
    agora, ver

    um rodopio sagaz
    uma manobra contundente
    uma reviravolta
    um sopro esguio ventania brisa

    teu nome
    chiados encontros gêneros quem?
    pilhas de soterradas criaturas
    que procuram
    uma por vez

    livros infantis fivelas firulas
    abraços
    sobretudo abraços
    de invernos inventados halloween
    à distância

    música
    é um assobio estrondoso

    calma

    te beijo

  • caos

    ou ordem
    ou risco
    ou padrão

    3 imagens de pesquisa

    caos_enoc
    desenho do enoc, 2 anos

    verso, ao contrário: manchas de caneta (i)
    verso, ao contrário: manchas de caneta (i)

    a máquina gira, a tinta se espalha
    a máquina gira, a tinta se espalha

  • marte em câncer

    mesmo com tantas imagens férteis

    ainda que solitárias

    se fechar é a única coisa que resta

    a quem estátua está

    encolho, maledicente, movediço

    fora do alcance

    que só se dá a dizer

    quando vem reclamar

    indivíduo

    uno

    guarda briga

    < uma cachoeira se ergue aos meus olhos está ali não é para mim tampouco a comunidade: sou um fantasma >

    um monstro que repara a dívida

    enquanto faz caminhar os prantos

    não sou alma que recolhe

    não sou arbusto

    sou caramelo informe

    alma que celeste

    chão duro

    voltagem

    entrelaçante, amante, lívido

    tuas costas não sabem o preço dos meus anzóis

    também pudera, nunca quiseste caminhar junto

    faltava desejo

    a mim sobrou vontade de novelo

    de festejo, mereço

    necessidade pulsante sortida

    perdida a disputa

    desalinho

  • florestas bases que nos sustentam

    florestas bases que nos sustentam, que criam arbustos e nos fazem sedimentar, nos perder em nós mesmos, a única coisa que há

  • ( )

    they might have been a stratospheric artist, a bandmember of a once-known music phenomenon, a buster, a keeper, a wonderlust, an incredible singer, a babe from a magazine, the author of a novel published in hardcover. apparently, after a while, this doesn’t seem to matter any longer. all that matters is right here, on this river, watching plants grow, and the wind blows and i feel my stomach. not hunger, no, but high ideals converted in stomach feelings, moving and moving. there’s no stand still. there is nothing that stops growing, even if we might feel like.