• forjei um hino para acalentar o gesto: ou melhor, a ausência do gesto, a saudade de um momento que se sustenta no imaginário há aproximadamente 30 dias.

  • Δ

     

     

     

    this version is solid
    steel and blood
    dia noturno
    sonho difuso
    plasmo: um andar

    covinho
    conspícuo
    bravo

    indeciso indiz:
    habitável
    abstrataberta crê:
    quem sabe

    uma só uma vez
    quem sabe mais

    três vezes
    vingou

    não se pode expurgar a linguagem
    fazer de sonsa e insana
    deixar habitar o mais verme sagaz
    dentro da membrana

    e há história
    e há dito
    e sentido
    vontade e abraço

    contrassenso, audaz
    volucidez
    conterrânea

    de aqui mais um e só sabe um três
    amigos

    de final feliz e vivemos finais todos os dias voilá

    a juventude senil que não tem mais memória (acabou)
    o celular

    o acaso vindouro e as ideias tão velhas
    da casa na montanha
    do bravo asfalto se fez
    e se criou
    e perdurou
    e abandonou

    o casco acaso brindou
    tão lindo
    tão rasgo

    vem cá me diz
    um selo

    quem vê

     

     

  • versão dos presentes

    é preciso uma calma. te entendo. e como dizer que, isso, agora? é. é bonito, também. apaguei na rede da sala, hoje à noite, cansada. que domingo..

    me parece que a resposta, o breve vacilo, o medo/desejo surge com mais força quando chega a resposta do outro. que já era resposta antes, é um belo embate.. feedback, trocas. coisa alegre crescente cheia dos seus potenciais. então recuo, ponderação, releitura. são os tempos.

    vontade carrega seus riscos, talvez seja isso que pretendemos controlar. mas oh, os riscos. são o frio na barriga!

    acho que digo que sou tranquila se contar que os mundos se criam. eles não precisam obedecer padrões, são sistemas independentes e podem variar, são desenhos em papel em branco.. e mesmo que cada um tenha seus padrões e um repertório de ideias sobre o mundo, as coisas, as pessoas e como agem, é, é, as coisas não são estáticas. lembra quando eu falei que tenho um milhão de modelos e teorias, claro, mas que preferia não falar deles? com o tempo às vezes me rendo e acabo falando, e eles sempre me soam insuficientes, parciais, gastos.. ajudam a entender as coisas, mas talvez por definição as encerram numa totalidade. e isso é problemático, por isso que elas estão sempre sendo reescritas, ou não-ditas, por ora, aceitando metamorfoses.
    [03/05/2010, 1:41 am]

    p.s. intensidade, ah.. dizem que existe um certo equilíbrio, e é isso que se busca, aperfeiçoa a busca, é bom buscar. se busca coisas novas, reinvenção, e todas as boas não são intensas? tudo uma questão de tempos. de ter calma correndo riscos; o tempos, eles são alegres

  • à bicha amada
    os louros as vozes cotovelos
    asneiras cabíveis lastros forças motrizes
    lentidão

    à bicha amada
    um corpo dourado à espreita
    (não era isso)
    um rosto abrigo beijinho

    chamego
    é o nome que se dá para cuddling
    na língua dos nossos parentes de terra
    de chão inventivo que só faz
    às gazes algozes cantinhos feridas
    assim

    de bairros distantes estrada aqui
    bem perto aqui
    ontem quem diz mês passado
    agora, ver

    um rodopio sagaz
    uma manobra contundente
    uma reviravolta
    um sopro esguio ventania brisa

    teu nome
    chiados encontros gêneros quem?
    pilhas de soterradas criaturas
    que procuram
    uma por vez

    livros infantis fivelas firulas
    abraços
    sobretudo abraços
    de invernos inventados halloween
    à distância

    música
    é um assobio estrondoso

    calma

    te beijo

  • coisa

    um contador de miniaturas. para poder antever tudo o que se dará, daqui pra frente, nunca atrás.

    contável porque coisadura, mercado, minérios, vastidão de mundos domesticada numa única pílula tátil, apartamento.

    adentrei o prédio, era possível; o possível que conseguia visualizar diante de tantos desejos de nomadismo e floresta, de construção, viagens. não havia permanência em viagens, nem sustento, somente vontades: braço que não alcança as frutas nos galhos superiores.

    necessária suspensão das correntes, ainda que (tanto), furtivos invernos, forjados em verões que voltarão, um dia.

    construção. intento de construir uns grandes monumentos, começando por pouco, um espaço, um fluxo de chão. aulas, algo com que sei lidar, aprendo a lidar, lido – está na fala e nos gestos um pouco de imensidão, de conhecimento. aprendizagem é algo que só se faz em curso, assim como mostrar: tornar visíveis processos, saber responder perguntas, localizar as pesquisas e tornar embates as vontades críticas, os permeios do sistema, e uns tantos modos de construir misturas. voluvear.

  • cambridge analytica

    quem levanta os montes depois de mortos? quem ergue o eixo que faz respirar? quem derrama suas fezes sobre um povo, corrói seus novelos e ergue um punho

    sobre
    nós

    está ali às cegas
    tateando infinitos em praça pública
    mil sóis em utopias
    e amores

    esmagados,
    sem dó

    DIANTE DO ESCÂNDALO

    há os galhos
    que se embrenham uns
    aos outros
    e sobem
    encostas

    assuntos sinceros, recebidos em ouriço
    asperezas, recusas

    DIANTE DA ARMADILHA

    ergue o espírito em carne viva
    conta da história de seus avós
    seus pais, seus tios

    NÃO HÁ DE CALAR

    chorou
    no meio
    da praça

    caminhos ouvir carimbó

    no meio
    da praça

    DIANTE DO CAOS

    quisera mais vezes findar
    e recomeçar
    sem sentir perder os
    árbitros solfejos
    não encontra

    o nado alicerce que alhures ali almeja
    um navio
    um chão

    dança
    união

    em que país

    COMPÊNDIO DE IDEIAS E COISAÇÃO
    não rasgo

    hei
    de construir

    memória

  • hortíferas

    as celebrações que relegas ao outono
    ao inverno
    às hortas vorazes criaturas antigas
    do condomínio
    do chão

    cultivo de meias-portas
    altivos, saltitantes
    embriagados envoltos em colagens
    turvas, imensidões
    povoamentos silvestres

    familiares mezaninos
    cabides, abraços
    aqueles meninos já grandes
    as suas voltas
    e botas, e cabelos encaracolados

    já não colhem tão sossegos como
    ouvi, uma vez, estive lá
    ficção
    viagem fantástica conto de pandemia
    brechas
    saudosas

    já não sei se
    há caminho
    se quero inventar
    buracos
    no chão
    que não há

    entretanto está
    aqui, diante de mim

    fundamento, ligadura:

     
    um espectro

  • departamento de outridades bélicas

    departamento de ambiguidades & perseverança

    departamento ali (sem resposta)

     

    rio de janeiro: suor
    rio de janeiro: esperar acabar o verão para viver (ñ consigo trabalhar)

    moleza sobriedade queria estar transando queria estar na cachoeira dançando mil grau mas escrever também me preenche me alegra, SÓ QUE — ñ dispomos de ar condicionado, senhor

    a arte a lembrança a viagem a torrente a floresta os términos, os fins

    dry martini eu gosto festa sim já foi mais simples já

  • luz

    derreter as calotas polares das lembranças esgarçadas y toda força corrompida por memórias em acúmulo, calos e afagos demais. sim, pois afago de memória, afago sem fala, só silenciação.

    gago e rouco o silêncio das vozes, as palavras mordidas, comunicações vastas e interrompidas furtivamente em um passar dos carros. amassar latinhas.

    e então comunicação demais, difusos meios, ruídos sem voz. somente ruídos. somente voz. separados eles ganham fôlego, vão colhendo suas florezinhas de papel cultivadas sem qualquer ordem, às manhãs que variam de horário pois dormem (às vezes)

    as calotas polares ali se curvaram aos bem-afrescos-e-aventurados, renovados, também curvos, subiram ao púlpito celeste e de lá propagaram – não antes sem vômitos na fala, engasgos, borbulhos – e então, pé ante pé, desceram torrentes as ladeiras em capas de chuva anti-vulcão, como se seus corpos fossem removíveis e então trocassem por outros, ou se fosse possível ao invés cambiar de ganas, peles e de vontades tropeças – ao inventar uma capa à prova de.

    me pergunto se é possível reescrever as narrativas de um modo tão codificado que não seja possível corrompê-las, pois sempre que se pensar ter encontrado o número, a senha, ela se transformará e soltará uma risada bem enorme na tua cara e será toda fofinha, stroboscópica, intragável e inapreensível. sempre a memória

    lancinantes lavas de vulcão. gratuita, eu sou voz e não existo. eu sou fotografia, pois luz, pensando que todos os meios conhecidos se tornaram voz, propagando no ar así tantas firulas. penso se tudo o que é supérfluo me alimenta. supérfluas vozes. supérfluo torvelinho. supérfluos amores que me sustentam (em memória)

    corpo que se levanta em vão, cultiva quarto, cultiva casa. esquiva. cumpre beneditos compromissos e corre, decide correr, assim como decide parar ou incidir em pausas para mor de respiração

    (respira)

    ladeiras cálidas que um dia acolheram agora incidem em pergunta
    eu só cuido das madrugadas, digo,
    de novo e tantas vezes

    antes da artemarcial e daquilo que chamam cotidiano