• a alegria do espírito vem da imensidão

  • supremo

    está passando a idade. ele disse. vc ainda é jovem. ele disse. você tem traumas que não me concernem, ele disse, mas você tem que tentar. curar essa dormência que te enerva, que te torna objeto, bicho, criança que chora em público. ele falou que você dorme com estrelas, mas que também precisa de contagens. de estórias, sim, mas também de corações e feridas. sem feridas não se produz ideias, ou sem coceiras fica-se sempre no mesmo lugar.

    na verdade eram duas coisas: você e o mundo. o que você faz pro mundo é o que você é dele, é o que te torna ele, é o que dele você extrai. você se torna mundo quando se divide em dois e depois em muitos, une todos num abraço, depois desencanta e segue em frente. ir embora é como duas metades iguais: a presente que vai ser sempre presente, e a futuro que não existe no agora. ainda assim, agora e presente se fundem naquilo que ainda vai acontecer e é incerto. e de coisas incertas entende o mundo.

    e ele te abraça. com uma chicotada antes e outra depois, que é pra acordar.

  • i

    atores mesmos são eles gestos. vozes que não se misturam, vazios intelectos, atos que vão seguindo pontos, dançando pontos, se perdem.

    escandalosa miragem permanece forte na rua. quer invadir atos, vontades, mas só atinge a coisa mesma, sem nexo. é raso. ricocheteia nos prédios, nas pessoas, não vaza em ninguém.

    conversa de bar que escorre e praticamente não existe. só imagens, sorrisos, rumos difusos e repetições. às vezes música, som alto vindo das vozes, subterrâneo de atividades sonoras, efeitos químicos. nada mais que urgência, não é importante.

    converso no lugar, me junto, perco o dito das coisas e enfim faz sentido! entre perambular pelos escambos, pelas brechas, acessos à cultura e à imagem por um pouquinho de escape. mundos pequenos que apresentam eixos universos.

    do verbo que ainda não existe, acontece.

    situação simples que inverte, alimento, torna energia o fluxo. rodopia, cumpre, faz girar.

    quase sem nada, meio sem nada, por isso lá.