• zelo

    é bom que ele esteja na superfície. faz tocar.

    dongos, bongos, sinos. velhos sinais vultuosos de dormências profundas, de presença ainda que inerte. interage como ausente, ou quase, escuta – não lá.

    toque. vaz, vrum, vibra entre suntuosidades, chupa um grelo, eu sei lá, feliz.

    não pensei, fiz.

    assim se compõem todas as maravilhosidades que nos acometem. acontece. faz. há.

    extremo, voz dormente do sossego, que acorda e flerta com o gozo – alegria suprema, não toca. beira alguma coisa, ri, rotundas suspensas no ar

    beijo uma alcova, atenta,
    abraça meus galhos em total entrega, é bonito demais!

    some. vazia.
    algozes fariam, paratudo

    (diversões esmos festas contínuas compõem arestas, zelos. amigos, flui)

    música é só o que está vivo
    necessita
    pergunta o que faz além de –

    corte
    corre

    é tão paralelo que talvez nem
    compreenda

    ou se ocupe de
    exercer

  • dirigir

    eu respiro embaixo d’água
    faço casulo comigo
    desconheço onde habito
    me faço em rasgo

    rompante de primavera
    a refazer articulações
    quadradas, desmemoradas
    creque, creque, fazem as pernas
    o torso, o pescoço
    tem caroços

    tremoço, tremeliques
    da sampaula envergada
    as memórias tantas
    passearam por aqui
    nos sonhos vagos
    da membrana

    cápsula que não se conecta
    flutua, enxerta
    uma cidade um quarto um telhado
    um cantinho no mato, bem afundado
    escárnio do dono
    negacionismo no quintal

    as conexões enteladas
    os olhos secos de luminosidades
    eu sei que vocês sentem
    também isso
    reinventar
    a vida o cotidiano os laços

    mas a estrada
    a estrada a estrada
    compõe minha espinha dorsal
    não o carregar tralhas infindável
    da minha avó
    a incompletude herdada como meta final

    é um movimento em espiral
    que torce a membrana
    faz das costas um eixo
    abre espaço
    respira

    a voz entalada
    atochada e engolida depois de
    se atrelar a uma circunstância
    um velho sagaz um jovem professor
    machocentrismo
    não tem vez

    o macho que se hospedou
    e trouxe uma pamelaânderson
    a fazer sexo de porta aberta
    o outro macho na sala
    a casa toda povoada de machos
    saí

    entreguei a casa
    devolvi o dinheiro pro pai, um macho
    que te ama, mas autonomia, meu bem
    movimento, destino, caminho, método
    quem pode escolher

    as rodas na estrada
    não verás por aqui
    não poderás pilotar
    dizer tua vez

    quem governa é o rei
    tarô me deu o imperador
    patriarcado não tem vez
    na minha voz entalada
    patriarcado inventa
    uma voz sem nome
    e corre feliz
    empossado
    inglório