pensando conceitos – dunas/dança

de: inesnin // para: maya.dikstein

tem nome o projeto?

coisas que estão vindo sobre o texto, sobre a proposta, pra tentar expandir os conceitos, relacionar com referências etc.

(mando um livro do josé gil por google drive, que vale uma olhadela e leitura posterior – tô pra ler há um tempão. fiquei procurando um fundamento sobre performance, sobre a dança – renato cohen é muito pragmático, talvez, muito factual)

pensar articulações entre dança e ambiente, ambiência, espaço

(influências mútuas)

como você vai da faxina (dentro da casa) para o deserto (completa exterioridade que te envolve)? vi um caminho pela invisibilidade do movimento. na faxina não há registro; na proposta das dunas (vamos chamar assim) o registro dos movimentos é através de imagens do próprio espaço externo. de qualquer forma, como justificar essa ida ao deserto para além da vontade de estar lá? como relacionar o deserto com a casa? (descobri que a poética do espaço do bachelard tem na coleção os pensadores!)

na minha breve investigação sobre movimentos, e essa vontade de dança, tenho lidado com essa questão de amarras e como se opera dentro de limites. até onde pode ir o corpo dentro de determinada situação. o corpo vigiado (neste caso as câmeras olham para ele, o público o observa). o corpo exposto, no palco do teatro. no caso de bondage, quem observa o corpo é o amante. tem uma relação muito íntima com a visualidade.

investigação de limites como dança. dança de corpos, resposta. (lembrei disso – http://ahora.azuis.net/blog/assunto/) embate sucessivo, insistente, sem regra – tentativa de se desvencilhar. e no entanto, é a própria performer que impõe as amarras. é sobre controle. sobre essa visualidade estranha de estar sendo vigiado – no caso das câmeras.

dunas? deserto – é sempre visto como ausência, é vasto. tem vento, areia, calor de dia, frio de noite. sol. fiquei falando sobre a antartida na nossa conversa porque um espaço quase completamente coberto por gelo é muito parecido com o deserto; mudam o elemento e a temperatura. portanto, o ambiente. mas também vazio? por que queremos estar em um lugar supostamente vazio? e tão distante/diferente da cidade, onde estamos habituadxs? pode ser pra ouvir. quase todos os ruídos da cidade são produzidos pelas pessoas. pela civilização. não são muito sutis. ontem eu subi santa teresa a pé, pela monte alegre, e como adoro a mudança de paisagem, ir sentindo como muda o lugar. do barulho dos carros, sempre caótico, para passarinhos cantando, o ar ficando mais fresco, tudo mais acolhedor. casas, árvores. o ambiente influi tanto na gente.

(sobre cidade e sons, eu pesquisei um tanto faz um tempo e tenho material – mas não se aproxima de dunas. o murray schafer é bem conhecido e na verdade defendia uma espécie de “ecologia sonora”, tipo fugir da cidade e seus ruídos para lugares onde se pudesse valorizar sons mais sutis, vendo isso com um julgamento moral de qualidade de vida mesmo. eu falaria sobre fugir da cidade, essa necessidade de estar no ‘vazio’ talvez, pra perceber

(sobre sons sutis, ouço midaircondo enquanto pesquiso e leio as coisas, agora)

video-performance é uma definição? já vi performers implicarem com isso, tipo o shima que ficou vários posts de facebook questionando/zoando isso. é pessoal, uma decisão, mas vale pensar. o vídeo da maya deren [ http://www.ubu.com/film/deren_study-in-choreography.html ] é uma performance ou é um vídeo? é uma dança para a câmera. acho que no nosso caso é também uma dança com a câmera, uma dança com e a partir do ambiente. e, na verdade, se as câmeras acompanham junto com o corpo, é uma dança com as câmeras. elas participam do movimento. é possível até mesmo esbarrar nelas, talvez..! enfim, como próteses, são parte do corpo.

na forma de apresentação no formato de panorama, o público é envolvido pela obra, está dentro dela. se coloca no ambiente. ele só vê uma parte – em quase totalidade o exterior (pelo que entendi). os movimentos são movimentos de câmera. a imagem que guia – com a paisagem do deserto e as dunas, o vento, o booming

(o som, em cinema, funciona muito como elemento fundamental pra envolvimento do público, também para dar noções de espaço – vc lembra de algum txt sobre isso agora? tenho uns livros aqui, não olho pra eles faz um tempo – achei agora um sobre som no cinema, um curso na caixa q fiz em 2008. tem um txt do joão luiz vieira sobre dança, cinema e movimento e um sobre som, raios e trovões

acho que enriquece, tanto o pensamento quanto o texto em si (descrição e justificativa), fazer um paralelo com algumas referências, e esmiuçar essas motivações

e sobre camadas, tem camadas de imagem também.. como as dunas.. gosto de pensar essas sobreposições de camadas, acúmulo, tanto quanto o movimento