Tag: verso

  • te vi por aí

    a gente tem que colar nossos tremores e nossos temores no tempo antes que sejam vãos (nunca serão) antes que acabem em qualquer esquina embriagados abandonados ao relento antes que encontremos uma desculpa estapafúrdia pra não se encontrar de novo as pessoas estão sozinhas nas ruas mas também estão juntas me pergunto se há vida…

  • estrutura

    como se reinventa um corpo (um desejo) a olhar por ele mesmo a se ver campo ampliado lente macro composição inteira de pé sustento, de pé altura, de pé postura, de pé abdômen, de pé (bem fincados, peso distribuído) peito aberto olhar

  • ar

    o dia verso noite artimancada de invenções curvas, turvas as remoelas desacordar sair do espaço do sonho onde vivo uma vida inteira trazer o sonho pro caminho como se como se fosse [uma coisa simples, isso nunca haverá ou sempre há de haver uma possibilidade (e sempre me lembro quando disse: *possibilidades* e não veio)…

  • foguetinho

    um caminho abestado besta tem vez sabe embolado sufoco marcado besta tem invenção suplínio cabestadura e não sabe arrefecer do sossego desinventar o ódio embasbacar a zebra sabe enrolar uns novelos nocê sabe, sabe curtido imensidão de três ladinhos cascalho quando mente pede novela caboclo quando conta história inverte tudo ao contrário sabe novena (sabe…

  • à bicha amadaos louros as vozes cotovelosasneiras cabíveis lastros forças motrizeslentidão à bicha amadaum corpo dourado à espreita(não era isso)um rosto abrigo beijinho chamegoé o nome que se dá para cuddlingna língua dos nossos parentes de terrade chão inventivo que só fazàs gazes algozes cantinhos feridasassim de bairros distantes estrada aquibem perto aquiontem quem diz…

  • dirigir

    eu respiro embaixo d’água faço casulo comigo desconheço onde habito me faço em rasgo rompante de primavera a refazer articulações quadradas, desmemoradas creque, creque, fazem as pernas o torso, o pescoço tem caroços tremoço, tremeliques da sampaula envergada as memórias tantas passearam por aqui nos sonhos vagos da membrana cápsula que não se conecta flutua,…

  • onde está (ii)

    antes de seguir viagem eu joguei todos meus mapas fora. era uma coleção de mapas analógica uma pasta se fazia de abrigo estático de tantas cidades movimentadas e alguns vilarejos em mapas caseiros rabiscados (que eu amo) mapas de papel como aqueles que se empunhamos na rua no brasil nos acusam “turista!” e pensam que…

  • onde está

    quem iria dizer que o invólucro iria se rasgar espalhando pela rua (mais uma vez) parece que os rastros foram todos coletados (ao menos isso) que sirvam a alguéns as ruínas e também os amados objetos costuras rabiscos revistas livros colchão esteira estante gavetas tudo isso na rua num alvoroço que fez quebrar o filtro…

  • rito

    chuva em imperatriz, nevoeiro em bagé não estamos não estamos lá a cidade se soprepõe tanto ao longo dos anos, das fases e das horas do dia que estou sempre levantando escombros escombros doem as costas caem escapo, não sem alvoroço estratégia é também ruído, ainda que estou doente de ar falta de atribuições fluidas…