minimal: o quarto

rumo, ruminância

a pensar se precisa de tudo isso que inventaram para o seu sustento. tudo aquilo que chamam de vida, com suas vias pré-programadas – para quê? se não serve para as gentes que dirá para o que há em volta; serve ao controle. é tudo a serviço do controle, sabemos disso.

sabe-se aquilo que se releva, somente. o que importa para cada continente. e todos os lances que escapam, que ficam fora do alcance, para que servirão? é verdade que tudo precisa servir para alguma coisa, ter um propósito, uma prontidão?

uma coisa que importa é se dedicar a si mesmo, minimamente. cuidar e esquecer de si. saber falar de si: não haverá ninguém mais se não houver você ali primeiro, a adorar e habitar o que possui. corpo, trabalho, ambiente, amores próprios e plurais. são todavida deles mesmos, e não adianta evitar, serão nobres se souberem aprender o desprendimento.

não há via que se salve se não cuidar. lacrimejar é raro, ao menos por aqui, mas vale o que leva. vai embora, cuidado! para que tanta cautela, não vem dali. o mundo é um só, a vida é muitas mas anda anda e continua seguindo, não há o que fazer. o dia é um só. amor é um só, até, seja aquele que foi ou o que ficou. difícil ver à frente; não adianta se dedicar às artes da previsão que somente se aprende a tomar cuidado. a se jogar da cachoeira não, e é só o estágio mínimo para aprender o lance.

jogar o corpo, deixar cair, deixar boiar, criar raízes

(aprender com o tempo, respeitar o tempo, respirar)

tem vezes em que só existe medo tentando, é preciso conhecer o medo real calafrio na real das coisas, sem antecipar ou pestanejar diante dos acontecimentos. expectativas demais e coroas e rodeios – tão inúteis!

sobretudo organização, jogos de deixa e segura, calafrios

escrever o texto sobre o trabalho:

ruminar o trabalho;

se dedicar.

como é difícil estar só quando não se tem um espaço! (e como foram dificultosas as itinerâncias acidentais desses últimos meses, não saber onde estar, é preciso existir primeiro para ser visto pelo outro (e estar com o outro é só movimento, não é preciso se preocupar))

torturar o amor até deixar passar

organizar o corpo, os amores correntes

(contracorrente de rio – nadar! nadar! nadar!)