o dia verso noite
artimancada de invenções
curvas, turvas
as remoelas
desacordar
sair do espaço do sonho
onde vivo uma vida inteira
trazer o sonho pro caminho
como se
como se fosse
[uma coisa simples, isso
nunca haverá
ou sempre há de haver
uma possibilidade
(e sempre me lembro
quando disse:
*possibilidades*
e não veio)
desaprender os castigos
as artimanhas,
as falcatruas
e faltas, as
dancinhas felizes e
depois não ver
a ver navios
espaçamento gasto
evocando uma memória inteira
uma membrana tão antiga
desgostosa
pífia
com manejos e rostos
de histórias daquelas
que não desejamos
o mundo binário
do desdesejo
do não solfejo
da soltura
a recusa ao caminhar
é uma fissura
a desfazer
redefinir
—-