chuva em imperatriz, nevoeiro em bagé
não estamos
não estamos lá
a cidade se soprepõe tanto
ao longo dos anos, das fases e das horas do dia
que estou sempre levantando escombros
escombros doem as costas caem
escapo, não sem alvoroço
estratégia é também ruído, ainda que
estou doente de ar
falta de atribuições fluidas
atribulações voluntárias
carinho que dá meia volta na rua
desaquece, procura
vastidão de medos e o que
faço a esta hora de novo em cima
do chão, em cima das pedras, sobre
o móvel da cama, quebrado
que hospedou as vozes e depois limpar
os corpos moventes os rastros
e encontros que desatinam
se rompem às metades, não comparecem
desembaraçam fios e estão sempre
a se embebedar
o rasgo das ruas, não compareço
e quando vou reluto, incansável
para que não sejam arrastados os pés
o coração, se ele existe
e não descamba a pingar
tanto, que tanto engole e se volta para dentro
lutas ferozes para não se fechar
não aquele luto de novo
insuportáveis meses tão recentes
dos quais ainda bordo costuras
e poucos sabem como
as negociações
as contas de abaixo de zero abandono
por falta de melhor jeito momentâneo
me julgam, vejo fugas
medos alheios enquanto estaríamos juntos
coletividades dissolutas diante dos piores danos
medos, intermitentes trampos, cooperações falidas
fôlego, e vida
descampo
desmemória vez
dançar furiosamente e como se
a ordem dos processos fosse feita de que
forma, canto, ordenação
uma por vez
os caminhos
não é uma abertura é um rompimento
que ensaio, engatinho
hesito até não poder mais
os modos os meios os dificílimos estragos
as construções
os prazos embalsamados em pequenos lances
medo, daquilo que poderia, se
estivesse à altura dos próprios desejos
isso, talvez, um tanto