rito

chuva em imperatriz, nevoeiro em bagé não estamos não estamos lá a cidade se soprepõe tanto ao longo dos anos, das fases e das horas do dia que estou sempre levantando escombros escombros doem as costas caem escapo, não sem alvoroço estratégia é também ruído, ainda que estou doente de ar falta de atribuições fluidas atribulações voluntárias carinho que dá meia volta na rua desaquece, procura vastidão de medos e o que faço a esta hora de novo em cima do chão, em cima das pedras, sobre o móvel da cama, quebrado que hospedou as vozes e depois limpar os …

ca

      o canário se aproxima não é hora de se subjugar tecer constelagens de pequenas falsas mordagens firula, que nem algoz diria que não diriam que não tantas coisas furtivas vozes que se refraseiam e parafraseiam cristais pardais sem nome pássaros migrantes sem lugar sem hora capaz foste uma vez mudar de capa, de penas, de anzóis e casacos de chuva, para dias secos que se seguem sem vez aridez de tantos cantos de danças que revigoram caminhos abraçam amigos fazem chorar cantam vestígios de toda hora prontidão rastros cantos quebrados asfaltos mortes pelas vertigens dos estados ali …

trajeto

às vezes eu tenho a estranha vontade de dormir num ônibus não que seja confortável não que não haja ruído é o simples gesto de estar em movimento ir de um lugar ao outro como se com isso – transpondo cidades – algo pudesse transmutar constelação vista pela estrada ruído de máquinas, parada assunto de duas cadeiras à frente música não gosto, me vejo procurando caronas mas quando dizem que – vamos conversar agradeço meu direito de permanecer calada embarco num ônibus, adormeço entrecostada sonhando abruptamente com locais um pouco menos vagos situações menos gastas encontros calorosos e afáveis conforto …

cambridge analytica

quem levanta os montes depois de mortos? quem ergue o eixo que faz respirar? quem derrama suas fezes sobre um povo, corrói seus novelos e ergue um punho sobre nós está ali às cegas tateando infinitos em praça pública mil sóis em utopias e amores esmagados, sem dó DIANTE DO ESCÂNDALO há os galhos que se embrenham uns aos outros e sobem encostas assuntos sinceros, recebidos em ouriço asperezas, recusas DIANTE DA ARMADILHA ergue o espírito em carne viva conta da história de seus avós seus pais, seus tios NÃO HÁ DE CALAR chorou no meio da praça caminhos ouvir …

versaletes 12

onde estão os relógios que congelam trajetórias para que se possa criar um morcego debaixo da escada uma escarlatina que não tem fim e volver pois sobretudo amamos focas e podemos fazer refeições abraçadas em sóis complexidades, a pessoa diz posto que tudo perde o gênero a partir de agora e as tentações caminhos se viram em novelos rasgos, bocados, amargos canos que porventura costuram chão se imagino onde os sabiás constroem aviões e não sabem mais dúvidas nem mentiras nem solapos nem digressões existem uns cabos que acabam enganos encontram famílias em anzóis e fingem costurar alguma coisa ainda …