sobre azuis nessa noite gélida de dois mil e dezesseis.

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(a primeira pessoa do singular se faz plural; quer se desintegrar e se fundir ao vasto mundo múltiplo. o sítio, o sítio viaja e vai ali se reinventar) >>

azuis, um projeto que iniciei em 2013, de início é sobre identidade, sobre existir para além das bordas de instituições e representatividades, existir além-números, para além de rastreamentos e coordenadas, normatizações.

a existência se fortalece ao passo que se ramifica, se fortalece pelas bordas. desenha começos e meios e singularidades não apreensíveis nas superfícies, cria novos mundos, e talvez aí, quando esbarra na necessidade de fazer lugar e abrigo, é que se reconhece: o que acolhe não está normatizado. não segue os padrões da norma, que cada vez mais delira em suas vigilâncias e amortizações, linhas retas e práticas de exclusão.

o que vem da mata cresce em rede, tem ligadura, raízes fortes, micorrizas. surpreende porque não é codificável plenamente nem quer dominar o que está em volta. é natureza e por isso complexa, e por isso múltipla, embate, disputa: selvagem e acolhedora ao mesmo tempo.

penso na necessidade de reconhecimento dessa nossa existência em rede, sistêmica, que busca reentender as melhores maneiras de agir, se integrar e retribuir tudo o que recebemos a esse meio tão devastado, que faz parte de nós, tudo o que ele nos dá. por isso sementes. por isso venho aqui.

[*não é no foicelivros, gente linda. aqui é só eco, espectro. vigoramos noutros campos, em muitos]