espaços de silêncio

em 2007, nos juntamos eu, dally schwarz e laura geyer com ideias de produzir uma peça sonora para pensar o silêncio. exercícios de audição e observação já vinham sido feitos, com apoio de autores como r. murray schafer, para refletir sobre as paisagens sonoras das cidades. segue o texto de apresentação e, em seguida, o áudio:

espaços de silêncio

ao propor um estudo do som a partir do silêncio, um dos elementos constituintes da linguagem da mídia sonora, nos aproximamos do conceito de paisagem sonora, estabelecido por r. murray schafer no livro a afinação do mundo. procuramos observar os silêncios nas coisas e entre elas: os espaços de silêncio.

exploramos estes espaços partindo do ambiente da cidade e de seus ruídos, uma vez que o silêncio com o qual temos contato na maior parte do tempo é na verdade um conjunto de sons fundamentais; sons estes que constituem ambientes e nos ajudam a identificá-los.

aproveitamos para, através de locuções, músicas, efeitos sonoros e, claro, silêncios, contruir uma peça sonora que possa transportar o ouvinte para diferentes espaços, permeados por sons macios e que procuram trazer um pouco das diversas concepções possíveis de silêncio.

nossa viagem parte da praia, passa por dentro de nós, busca respostas bem lá fora, ou onde for que a prece esteja, será que vamos encontrar? é uma longa caminhada de introspecção, de passos cuidadosos, de atenção para os mínimos detalhes.

estamos à procura daquele recorte de tempo quase mínimo, que é o espaço da reflexão, do constrangimento, da respiração, da hesitação, da dúvida, do branco, do vazio, de tanto. pois em tudo há silêncio, mesmo que ele esteja expresso em ruídos.

agora aperte o play e feche os olhos! 🙂

p.s. dois anos mais tarde, apresentei um artigo no encontro de música e mídia da usp falando de outro aspecto da experiência sonora em grandes cidades: a hipersaturação de estímulos, que se faz presente como influência no som de alguns artistas de música eletrônica recente. o resumo deve ser encontrável pela rede, mas decidi republicar o artigo aqui, em três partes: 1/32/33/3